Práticas de relaxamento e controle da ansiedade ajudam pacientes oncológicos a lidar com as emoções durante a pandemia

Medicina Integrativa auxilia no bem-estar de pessoas em tratamento contra o câncer

A rápida proliferação das contaminações pelo novo coronavírus tem gerado muita preocupação entre a população global. O total de pessoas já infectadas pela doença no mundo ultrapassou a marca dos 6 milhões, segundo balanço da Universidade Johns Hopkins (EUA). No Brasil, de acordo com o último boletim do Ministério da Saúde, até o início desta segunda-feira (1), haviam sido registradas mais de 20 mil e mais de 500 mil contaminados.

Pessoas que fazem parte do grupo de risco, ou seja, que possuem comorbidades que as tornam mais suscetíveis a complicações caso venham a se infectar pelo novo vírus, têm muitos questionamentos sobre a doença. Este é o caso de pacientes oncológicos que precisam manter o bem-estar e seus tratamentos mesmo durante a pandemia.

O medo do contágio pelo COVID-19 tem causado ainda mais ansiedade e incertezas àqueles que enfrentam o câncer neste momento diante da necessidade de seguiram rotinas de cuidado que por vezes exigem deslocamentos a hospitais ou clínicas. Suspender o tratamento não é uma opção para estas pessoas, então como enfrentar a pandemia com mais tranquilidade?

De acordo com a hematologista e especialista em medicina integrativa, Dra. Regina Chamon, da Oncoclínicas em São Paulo, a prática frequente de meditação pode ser uma aliada valiosa, já que é capaz não apenas de melhorar os quadros de dor causados pelo tratamento oncológico. A técnica também reduz os índices de depressão e a ansiedade e ainda prepara o paciente para lidar melhor com o imprevisível e com suas emoções diante das situações.

A prática da respiração compassada é outra aliada. Além de ser uma técnica importante para manter a calma, inspirar e expirar bem lentamente, prestando atenção nos movimentos do corpo, também é capaz de melhorar a qualidade do sono. De acordo com a especialista, quanto mais a respiração é praticada e introduzida aos hábitos comuns, se torna cada vez mais fácil aplicar esta técnica para aliviar momentos de estresse.

A técnica respiratória é recomendada aos pacientes oncológicos inclusive durante a quimioterapia. “No momento da punção do cateter, o paciente sente menos dor por conta do relaxamento muscular gerado pela respiração”, frisa a médica.

A medicina integrativa também pode ser utilizada como uma forma de ajudar o paciente oncológico, especialmente durante momentos extremos de aflição como o atual. Esta modalidade de medicina integra os aspectos físicos, emocionais e mentais do paciente e o auxilia, por meio de abordagens terapêuticas adequadas para cada caso, na conquista de seu bem-estar.

“Quando a mente fica muito acelerada na tentativa de encontrar soluções para um determinado problema sem que haja previsão de resoluções e não conseguimos nos desligar desta situação, alguns sintomas sérios se manifestam, como dor crônica, bruxismo, insônia, pressão alta, ansiedade e depressão. Isso tudo para pacientes que já estão enfrentando o câncer é muito mais crítico. Por isso, a medicina integrativa é fundamental para esses pacientes, pois ela une os pilares do estilo de vida por meio de alimentação e exercícios e práticas efetivas para a mente e o corpo. É um pacote completo que auxilia o bem-estar dos pacientes”, explica a Dra. Regina.

Otimismo como aliado no equilíbrio emocional

Mas, afinal, o estresse pode ser transformado em algo positivo? Para a psico-oncologista da Oncoclínicas no Rio de Janeiro Natalia Baratta Gil, tão importante quanto tentar minimizar o quadro de estresse na atual conjuntura é ter autoconhecimento de suas necessidades socioemocionais.

“Estamos vivendo em um momento de estresse agudo, caminhando para um estresse crônico, uma vez que não sabemos quando tudo isso vai terminar. Queremos aprender a manejar o estresse, mas ele é algo que acontece naturalmente.Existem tipos de estresse e a forma como podemos reagir a ele pode ser positiva e negativamente. No caso dos pacientes oncológicos, temos o estresse aliado aos seus diagnósticos de câncer e à pandemia. Existem muitos ideais de como a gente deveria estar lidando com a forma como a gente vem respondendo a essa situação, que varia de pessoa para pessoa, e o melhor que podemos fazer para nós e nossa família. A ideia é desconstruir que existe uma forma ideal, mas entender o que é possível para cada um, observando o cuidado individual e o que é perfeito para cada um”, avalia Natalia Baratta Gil, psico-oncologista da Oncoclínicas no Rio de Janeiro.

A especialista ressalta que é essencial manter o otimismo: “Todos estamos realizando os arranjos possíveis neste momento e criando uma nova conexão com outras pessoas e o mundo. Precisamos ter esperança e lutar pela nossa qualidade de vida. Tudo isso vai passar”, finaliza Natalia Gil.