Kathleen Fornari, CEO e cofundadora da Anna Medicina Endocannabinoide, fala sobre a importância de quebrarmos o tabu e a desconfiança acerca da terapia canábica
O crescimento do debate acerca da eficácia da cannabis medicinal no tratamento clínico de casos como epilepsia, parkinson, alzheimer e autismo é indiscutível. De 2000 a 2019, o Pubmed, principal buscador de literatura médica no mundo, recebeu cinco vezes mais artigos científicos sobre canabidiol, o que fez com que o uso legal de medicamentos à base de canabidiol crescesse exponencialmente em dezenas de países.
Ainda assim, no Brasil, todas as formas de tratamento com derivados da cannabis exigem prescrição médica e, para muitos pacientes, falar sobre esse tema ainda é um tabu. “Sofrer com uma condição crônica e não encontrar alívio adequado, mesmo já existindo a alternativas disponíveis no mercado, como o uso medicinal da cannabis, é um atraso para a saúde pública e a medicina nacional”, comenta Kathleen Fornari, CEO e cofundadora da Anna Medicina Endocannabinoide, primeira startup brasileira a inaugurar um espaço físico sobre o tema no país
Outro fator que dificulta o acesso dos pacientes ao tratamento é a falta de conhecimento por parte de muitos profissionais da saúde. “É natural que o médico ainda não conheça o tratamento com cannabis, pois é uma descoberta nova a qual poucas universidades no Brasil já incluíram na grade de estudos. Precisamos que os próprios profissionais de saúde também busquem se especializar”, complementa.
Para te ajudar a abordar o assunto com seu médico, preparamos 3 dicas essenciais. Confira:
Pesquise antes da consulta
É natural que muitos médicos ainda não conheçam os benefícios da terapia canábica, por isso é importante que o paciente faça uma pesquisa antes da consulta. “Existem diversos recursos online para aprender as leis, formas de consumo e efeitos adversos da cannabis medicinal. Se o seu quadro conta com estudos ou percepção de que este tratamento é benéfico, procure boas referências e apresente ao seu médico”, sugere.
Nem todos os médicos estão predispostos
Seja em redes sociais, grupos de whatsapp ou em informações abertas, é possível perceber a predisposição do médico para abordar o tema, além da sua familiaridade com o tratamento. “Na Anna Medicina Endocannabinoide, um dos nossos objetivos é despertar a curiosidade dos médicos e esclarecer muitos dos mitos que cercam o uso desses produtos, para que no futuro existam cada vez mais profissionais que se sintam seguros em prescrever o medicamento”, aponta.
Traga o assunto à tona
“Enquanto a cannabis medicinal for vista como tabu pelos dois lados, haverá sempre uma desconfiança. Por isso, ao saber dos benefícios do tratamento para a sua condição, o paciente pode sugerir o tratamento”, diz. Segundo a CEO da Anna, uma das formas de trazer o assunto à tona é fazendo perguntas. “A cannabis medicinal ajuda na minha condição? É um tratamento recomendado? Quanto devo consumir? Qual produto é recomendável? Ao contrário de colocar o tratamento como solução, o paciente está fazendo questionamentos pertinentes para o profissional”, complementa Kathleen Fornari.