Fibrilação Atrial: Cardiologista explica como descobrir e cuidar da doença

Um estudo recente da Dinamarca, divulgado no The British Medical Journal (BMJ), notou um aumento nos casos de fibrilação atrial nos últimos 20 anos, a arritmia cardíaca mais comum. Dados mostram que a prevalência de fibrilação atrial também apresentou um aumento leve no Brasil, de 519 por 100 mil pessoas em 1990 para 537 por 100 mil em 2019, conforme a Estatística Cardiovascular Brasil 2021.

Segundo a cardiologista, Natália Gomide, a fibrilação atrial é caracterizada pela ativação desordenada dos átrios, as câmaras superiores do coração, resultando em batimentos descoordenados. Isso compromete a função mecânica do coração e causa má circulação do sangue, elevando o risco de coágulos que podem levar a derrames cerebrais.

A médica explica que a fibrilação atrial pode ter diversas origens. Indivíduos com doenças cardiovasculares, como hipertensão, doenças reumáticas que afetam as válvulas, e insuficiência coronariana, apresentam um risco três a cinco vezes maior de desenvolvê-la. “Isso ocorre por alterações no músculo cardíaco, resultando em sobrecarga das câmaras cardíacas e alteração da velocidade do ritmo cardíaco, predispondo a arritmia”.

Problemas como o infarto e a insuficiência cardíaca podem causar fibrose, afetando a capacidade de expansão do músculo cardíaco. Diabetes e síndrome metabólica podem provocar inflamação nos miócitos, células musculares do coração, levando a mudanças estruturais no miocárdio e afetando sua função.

A prevalência da fibrilação atrial cresce com o envelhecimento, e o aumento da expectativa de vida pode elevar a incidência da condição. Enquanto na população de 25 a 35 anos a prevalência é de 0,2 a 0,5%, ela pode atingir até 9% em pessoas entre 62 e 90 anos.

A médica explica que o tratamento depende da fase do diagnóstico. “Além de controlar a frequência cardíaca através de medicamentos e, em alguns casos, ablação (o procedimento que elimina o foco da arritmia), é importante que o paciente utilize anticoagulantes para reduzir o risco de AVC e o paciente deve ser acompanhado por um cardiologista”, finaliza Natália.