A vida é uma jornada incrível. Repleta de sabores, escolhas, rotas, descobertas, dores, alegrias e, com certeza, muito aprendizado.
Para ser vivida plenamente essa jornada pede da gente algo que para alguns é mais complexo que para outros: coragem.
É sobre esse conceito fundamental que precisamos colocar em prática para aproveitar verdadeiramente o percurso da vida que quero falar com você hoje.
Se você me acompanha aqui pelo blog ou no Instagram (@ligianimeirelles) certamente já me viu falar sobre Brené Brown. A professora e pesquisadora que estuda coragem, vergonha e vulnerabilidade há mais de 20 anos, tem diversos livros sobre esses temas, assim como palestras e até um conteúdo na Netflix (The Call to Courage, 2019).
Dona de um dos TEDx mais assistidos do mundo (O Poder da Vulnerabilidade, que já indiquei por aqui), Brené se diferencia por falar de forma humana e a partir da própria perspectiva sobre sentimentos que deixam muita gente aflita, ou seja, ela que se define como uma pessoa introvertida e que sente medo de passar constrangimento e encarar críticas, fala para milhões de pessoas sobre ser imperfeito.
Para Brené, ao escolhermos a coragem no lugar da zona de conforto, aprendemos o significado de sofrimento. Vamos lidar com fracassos, perdas, riscos, desconforto.
Cabe a nós a decisão de encarar medos e agir apesar deles.
Entendendo que o medo faz parte da vida e que coragem não é não ter medo, você se considera uma pessoa corajosa?
Coragem de Ser
“Atos de coragem” que envolvem riscos, bravura ou força física não são o tópico desse texto. Aqui estamos falando da virtude que temos como desenvolver e que é o contrário da inércia e da procrastinação.
Entendamos coragem como ação e condição de quem busca resolver problemas, superar desafios, ousar ir além do que se espera ou do limite que alguém (ou você mesma, em muitos casos) impôs a si e, principalmente, ser quem você é.
Claro que todos nós agimos conforme nossa capacidade consciente nos permite, mas também temos condições plenas de desenvolver e aprimorar capacidades que desconhecemos em nós mesmos.
Parece óbvio, mas hoje em dia tem sido para poucos ter a coragem para ser você mesmo.
Vivemos uma cultura de modismos e influências na qual algumas pessoas simplesmente ignoram sua individualidade e passam a seguir o que é posto por outras, desconsiderando as diferenças essenciais (nem tudo que é bom para o outro serve para mim) e enfrentando frustrações.
Isso é perigoso, pois quando nos moldamos para caber no que o outro dita como correto, esquecemos de nossa essência, de quem somos, de como queremos agir e pensar.
No seu livro A Coragem de Ser Você Mesmo, Brené Brown alerta sobre como nos tornamos uma sociedade de excluídos, limitados em bunkers ideológicos. E aponta a profunda crise de desconexão com nossos propósitos individuais que estamos enfrentando.
A virtude da coragem é, portanto, cada vez mais necessária para encontrarmos o caminho de volta para nós mesmos e nos conectarmos com a jornada.
Tem outro verbo que está ligado à coragem e define bem o que precisamos fazer nesse despertar para nosso próprio interior: ousar.
Ousadia parece transgressão, mas estamos falando aqui de ousar ser quem você é, respeitar-se, encontrar seu propósito e conectar-se a ele.
Quebrar a expectativa (ou superá-la) é um ato de ousadia.
Gente ousada (ou corajosa) alcança lugares novos, inesperados, surpreendentes.
Mas não se pressione, a gente vai continuar a reflexão aqui no texto sobre coragem, ousadia e ser quem é, porém, lembre-se que não estou falando de nenhuma rebeldia ou ato impensado, mas sim de um processo de desenvolvimento.
A coragem de expor nossas imperfeições
Sentir-se vulnerável é algo que deixa muita gente com a sensação de estar suscetível a acontecimentos ruins ou condenado à exposição “pública” de algo que incomoda.
No entanto, nossa vulnerabilidade ou nossas imperfeições também podem ser consideradas medidas de coragem.
Primeiro porque é praticamente impossível blindar sua vida para fugir de riscos e incertezas. Como falei ali acima, essa jornada é bastante imprevisível e, queira você ou não, em alguns momentos estaremos mais expostos ou vulneráveis.
E segundo que se ‘proteger” de possíveis fracassos e erros só faz aumentar o sentimento de frustração e nos afasta de experiências marcantes realmente significativas para a vida.
“Quando passamos uma existência inteira esperando até nos tornarmos perfeitos para entrar na arena da vida, sacrificamos relacionamentos e oportunidades que podem ser irrecuperáveis, desperdiçamos nosso precioso tempo e viramos as costas para os nossos talentos”, Brené Brown (A Coragem de Ser Imperfeito, 2016).
Cultivar coragem para ser imperfeito é reconhecer seu próprio valor.
Essa “coragem interior” que precisamos despertar vai ajudar a não ficarmos nos comparando, nos diminuindo ou nos humilhando. E ela precisa ser praticada todo o tempo para que a gente possa vencer os desafios do dia a dia.
Discordar do chefe, lutar por condições melhores e mais igualitárias, dispensar colaboradores ou tomar outras decisões impopulares, combater o assédio, o racismo ou a corrupção.
Esses são exemplos de oportunidades que temos de ser corajosos no ambiente de trabalho que o professor e pesquisador Jim Detert traz no livro Coragem para Crescer que, assim como coloquei no início do texto, mostra que coragem não é um traço de personalidade reservado a poucos, mas uma virtude essencial que desenvolvemos com a prática.
É claro que essas ações geram medo dos riscos – de perder amigos ou até mesmo o emprego – e, por conta dele, nem sempre agimos da forma como gostaríamos.
Por isso o despertar da coragem interior e da ousadia são tão recomendados em tempos de escassez de conexão como o que vivemos.
A coragem de “desistir”
Se você chegou até aqui, já compreendeu que desistir também é um ato de coragem.
A vida não tem roteiro pré-definido, por isso, é preciso considerar cada momento, contexto ou situação para definir se algo faz ou não sentido para sua realidade.
E pode ser que o caminho mais corajoso seja “deixar ir” ou “desistir” daquilo que não faz mais sentido na vida e seguir a diante.
Desistir, como muita gente pode pensar, não é fraquejar ou ser covarde, mas se pôr em primeiro lugar, abrir mão de situações que podem ter feito sentido em algum momento e que agora não são mais para você.
Em muitos casos, desistir de algo não é um ato simples, já que exige desapegar do seu próprio ideal e aceitar que viver a jornada com plenitude exige da gente coragem e adaptação a novas circunstâncias, possibilidades, perspectivas, valores e ideais.
Desistir de um relacionamento de vários anos, por exemplo, é ter coragem de aceitar que amor é construído em conjunto e pode ruir se algum dos lados não estiver tão empenhado quanto o outro.
Desistir de um emprego que um dia foi seu “objetivo de vida”, também é ser uma pessoa corajosa para assumir que a vida e a carreira se transformam, assim como as possibilidades.
Cada um precisa saber sua própria necessidade. Não há certo ou errado absoluto, mas sim o que faz sentido.
Coragem se desenvolve um degrau de cada vez
Você pode achar que não nasceu corajoso, mas finalizo as reflexões deste conteúdo com a lembrança de que coragem é agir com o coração (na tradução do termo francês courage) e que, como ação comportamental, pode ser desenvolvida.
Se suas motivações são fortes, seja pelo desejo de mudar (transformar, realizar, etc) seja pela necessidade de sair de uma zona de conforto (ou libertar-se de crenças, ou evoluir em sua jornada, etc), a coragem surge.
Eu mesma, por exemplo, já estive em situações que demandaram coragem. Na carreira, por exemplo, estava em um emprego no qual dominava meu trabalho, conhecia a empresa, as pessoas, promovia transformação e me sentia valorizada.
Mas a vida trouxe caminhos diferentes daqueles inicialmente planejados e eu precisei, com coragem, tomar decisões que condiziam com o meu momento, a minha necessidade e o meu propósito.
É assim com a maioria de nós. Precisamos ter coragem para começar, recomeçar, mudar, transformar, evoluir.
Então, para fechar, deixo 3 comportamentos que servem como dicas para você desenvolver essa coragem que já está aí no seu interior:
Aceite a mudança
As transformações da vida são naturais. A gente muda como ser humano – mesmo que a gente não queira, a idade avança e o corpo se transforma (risos) -, como profissional, em nossas relações. A mudança é parte da jornada e a gente precisa encarar com coragem esse processo.
Na dúvida, tome a atitude necessária
Claro que precisamos ter paciência para esperar resultados, mas, não adianta esperarmos resultados diferentes se adotamos a mesma postura, certo? Então, quando a vida exigir mudança de rumo ou quando você perceber que algo precisa mudar para você evoluir, pratique aquela ousadia de fazer acontecer.
Aceite as imperfeições
Esquivar-se da vulnerabilidade é – veja que contraditório – um erro. Todos nós temos imperfeições, medos, receios. Cada um enfrenta sua batalha, mas o importante é ter coragem de aceitar-se como ser humano vulnerável e sujeito a falhas. Sem culpar-se, esconder-se ou comparar-se.
Cada um sabe a força que precisa para vencer seus próprios desafios diariamente. Minha dica é que você tenha coragem para: desistir do que não lhe faz mais sentido, aceitar as mudanças e agir para transformar o que for necessário.
Acompanhe outros conteúdos aqui no blog e fique por dentro de tudo que pode te ajudar a se conectar com seu propósito e despertar a coragem para viver a jornada.
Você também pode contar comigo para o seu desenvolvimento comportamental. Me envie um e-mail e vamos conversar!
Retomo a pergunta que te fiz na introdução do texto: você se considera corajosa ou corajoso? Comente aqui ou me conte no Instagram.