Como usar a tecnologia para falar de alimentação com as crianças?

Pais necessitam entender como os smartphones e os aplicativos podem ajudar as crianças a buscarem uma vida mais saudável

Em 2016 viralizou na internet uma imagem de um grupo de jovens dando as costas para o quadro A Ronda Noturna, do pintor holandês Rembrandt, em um museu. Eles estavam vidrados nas telinhas dos celulares. Não é de hoje que vemos este cenário se repetir cotidianamente por qualquer lugar das cidades, mas não é uma exclusividade só de adolescentes ou adultos. De acordo com a pesquisa da Opinion Box, subiu de 23% para 30% a proporção de crianças entre 4 e 6 anos que possuem um celular. Mas apesar desse cenário mais “preocupante”, os pais podem e devem utilizar a tecnologia para ajudar os filhos a aprenderem a se alimentar melhor.

“A maior missão da tecnologia é realmente trazer essa praticidade, mas não “agredindo” a sociedade e sim de uma forma que a faça interagir e dialogar cada vez mais sobre tudo aquilo que a rodeia e os meios onde está inserida”, afirma Henrique Mendes, CEO da Nutrebem , fintech de contas digitais para cantinas escolares com acompanhamento nutricional. Crianças amam guloseimas, hambúrgueres e refrigerantes, mas são “acompanhadas” pelos pais no seu consumo, que querem participar mais das vidas dos filhos mesmo sem estarem presentes fisicamente. A proposta das plataformas e aplicativos é trazer a oportunidade da conscientização e do diálogo ao invés do controle.

As cantinas das escolas que contam com as contas digitais da Nutrebem, permitem que os alunos comprem seus lanches através de um aplicativo e/ou autoatendimento, tem se mostrado cada vez mais eficaz neste sentido. “Ao perceber que há um produto que deseja comprar e está bloqueado, a criança vai espontaneamente até os pais para entender essa restrição. Esse é o momento certo para que os pais consigam dialogar com seus filhos, de forma natural – uma vez que a própria criança os procurou -, conscientizando sobre os alimentos mais indicados para determinadas horas do dia, ensinando e educando sem proibir estritamente”, analisa Mendes..

Além disso, os pais podem ver, com base nas informações exibidas pelos aplicativos, a classificação nutricional de cada alimento e mostrar aos filhos os motivos daquele alimento ser o mais recomendado para ele, sempre lembrando-o de que ele pode ter à disposição os demais itens, desde que consumido sem exageros. “Quando se sentem mais seguros, os pais passam a deixar todos os itens – ou quase todos – disponíveis e observam uma mudança de comportamento quando veem que os filhos seguem suas orientações e mantém uma rotina alimentar mais saudável”, afirma.

Com os dias cada vez mais corridos como os atuais, pais e filhos podem e devem utilizar de todos os tipos de tecnologia disponíveis para criar novos vínculos de relacionamento, na qual os pequenos entendam e compreendam a sua utilização de modo educativo e prático. O processo sempre deve ocorrer de uma forma natural e simples, começando pela educação no primeiro momento de independência deles com o dinheiro, criando e gerando a consciência de uma vida mais saudável.