Além do digital: estudos comprovam que escrita à mão promove maior desenvolvimento da alfabetização

STAEDTLER realiza pesquisa com 145 crianças em idade pré-escolar e mostra que, comparado a digitação em um teclado digital, escrever com lápis e papel é mais eficaz em aumentar o reconhecimento de letras e as capacidades visuoespaciais

A geração dos que nasceram no início da década de 2010 já acumulam algum tempo de experiência com as telas brilhantes de celulares. Segundo a pesquisa ‘Crianças e smartphones no Brasil’, realizada pelas consultorias Mobile Time e Opinion Box, de outubro de 2018 até setembro de 2019, passou de 23% para 30% a proporção de crianças entre 4 e 6 anos que possuem um celular próprio. Esse estilo de vida digital levanta questões sobre até que ponto as habilidades motoras e cognitivas das crianças são influenciadas pela digitalização e se o equipamento de escrita analógica pode apoiar o processo de aprendizado, leitura e escrita.

Os resultados de um estudo recente mostram que escrever à mão melhora habilidades importantes que auxiliam no desenvolvimento da alfabetização. Além de treinar suas habilidades visuoespaciais, as crianças que aprendem a escrever com caneta e papel também são hábeis em reconhecer as letras do alfabeto. “A habilidade visuoespacial é a capacidade que temos para representar, analisar e manipular mentalmente objetos”, explica Juliana Rett, Marketing Manager da STAEDTLER Brasil .

Para investigar esse assunto, o fabricante STAEDTLER decidiu financiar um estudo do ZNL Transfer Center for Neuroscience and Learning na Universidade de UIm, no Sul da Alemanha. Logo, uma das principais conclusões deste estudo, realizado no período entre abril de 2016 e maio de 2019, é que o desenvolvimento de capacidades de leitura e escrita por meio da escrita à mão também melhora as habilidades visuoespaciais em crianças.

O estudo descobriu que, comparado a digitação em um teclado digital, escrever com lápis e papel é mais eficaz em aumentar o reconhecimento de letras e as capacidades visuoespaciais, duas habilidades que desempenham uma função importante no desenvolvimento da alfabetização. Além disso, também foi benéfico escrever na superfície de um tablet com uma caneta especial, mas não na mesma extensão que escrever em papel. Melhores habilidades de leitura foi outro fator destacado pela pesquisa.

Estudo com 145 crianças em idade pré-escolar

Participaram do estudo 145 crianças em idade pré-escolar, entre 4 e 6 anos, intituladas ‘Como as crianças aprendem a ler e escrever melhor? O impacto da escrita no desempenho cognitivo e nos padrões de ativação neural’. Durante sete semanas, essas crianças foram divididas em três grupos para aprender letras e palavras: com lápis e papel, com caneta e tela, e com teclado e monitor.

Britta Olsen, Head de Marca & Comunicação da STAEDTLER, afirma que é impressionante observar que a influência do meio de escrita e a relação entre boas habilidades visuoespaciais e melhor desempenho de leitura já eram evidentes ao longo do estudo de sete semanas. A pesquisa fez com que as crianças lessem letras e palavras e escrevessem textos ditados. O reconhecimento das letras do alfabeto também foi avaliado.

Independente de qual ferramenta de escrita utilizada, todos os participantes do estudo aprimoraram o conhecimento de letras e palavras. O grupo de crianças que estava escrevendo a mão no papel demonstrou uma melhoria no reconhecimento de letras do que as do grupo do teclado.

A Dra. Petra Arndt, Gerente Executiva da ZNL, enfatiza a importância da escrita com lápis e papel para o desenvolvimento da alfabetização: “Ao escrever à mão, as crianças precisam prestar atenção aos detalhes das letras e copiá-las no papel com o lápis. Isso os torna mais hábeis em detectar e reconhecer as letras do alfabeto”. Seu colega gerente de projetos da Universidade de Ulm, professor Markus Kiefer, acrescenta: “Esse traço de memória benéfico associado à escrita à mão é menos pronunciado quando se escreve à mão em uma tela de tablet em vez de papel. Como a tela é suave, escrever em um tablet não dá à criança tanto feedback sensorial sobre seus movimentos quanto o papel”.

O estudo revelou que as crianças que estavam aprendendo no grupo “lápis e papel” eram significativamente melhores em reconhecer e comparar as características compartilhadas e a posição espacial de duas figuras do que as crianças no grupo do teclado. “Com base nos resultados do estudo, parece que escrever à mão no início do desenvolvimento da alfabetização pode ajudar crianças com habilidades visoespaciais mais fracas a aumentar suas habilidades nessa área”, conclui Olsen.

A contribuição da família durante o tempo livre desempenha um papel crucial nas realizações das crianças

As crianças também aprimoraram suas habilidades de aprendizagem por meio de outros exercícios criativos, além de escrever manualmente no papel. O estudo também mostrou que as crianças que costumam desenhar ou fazer artesanato com seus pais ou crianças cujos pais costumam ler para eles, tendem a ter um desempenho melhor quando se trata de escrever palavras – independentemente do meio de escrita usado no estudo. As crianças que assistem muita televisão (em média mais do que os 30 minutos diários recomendados para crianças em idade pré-escolar) apresentam desempenho consideravelmente pior do que seus pares.