Precisamos aumentar a conscientização sobre os Cânceres Ginecológicos

Dra. Tatiana Pires é Gerente de Grupo Médico de Oncologia na GSK.

Informação é fundamental no combate às doenças e na melhora da qualidade de vida, principalmente para mulheres que enfrentam cânceres no aparelho reprodutivo. Setembro chegou e traz consigo a Campanha Setembro em Flor que alerta sobre a necessidade de falar mais sobre os cânceres ginecológicos. O câncer de mama ainda é o mais prevalente entre as mulheres no Brasil, e possui o seu mês de conscientização, o outubro rosa, mas, infelizmente, existem outros tipos de neoplasias que também requerem atenção e esforços para ampliar o conhecimento da população sobre o tema. Entre as neoplasias, existem o câncer do colo de útero, o terceiro mais comum em mulheres no Brasil, seguido, respectivamente, pelo câncer de ovário e corpo do útero, da vulva e da vagina². Apesar dos tumores ginecológicos, em geral, serem mais incidentes na terceira idade, eles podem também acometer mulheres de outras faixas etárias.

Como nem todos esses tipos de câncer apresentam sintomas no início da doença, as mulheres precisam fazer visitas anuais ao ginecologista, realizar os exames necessários, como Papanicolau, HPV, ultrassom transvaginal, e não esquecer de contar sobre o histórico de câncer em suas famílias, caso haja algum caso relacionado. É necessário que fiquem atentas a qualquer sintoma persistente, para aumentar as possibilidades de diagnóstico precoce e início imediato de tratamento.

O câncer de ovário, por exemplo, costuma ser detectado em estágio avançado, justamente porque é um tumor silencioso e de difícil rastreio, pois não existem exames específicos para detectar a neoplasia que acomete o sistema reprodutor¹, fazendo com que esse câncer seja mais letal que o de mama. Por isso, de cada 10 pacientes, apenas duas têm o diagnóstico precoce. Entre os fatores de risco que devem ser considerados estão: idade superior a 40 anos, histórico familiar, não ter tido filhos ou ter sido mãe após os 30 anos, além do uso contínuo de anticoncepcionais e reposição hormonal.

Apesar de o câncer de ovário ser preocupante, a medicina tem evoluído e, hoje, já existem novas terapias disponíveis. A primeira linha de tratamento do câncer de ovário, em geral, inclui cirurgia para a retirada do tumor, seguida por quimioterapia, mas agora, com novos tratamentos de manutenção pós quimioterapia, é possível contar com outras terapias.

É preciso falar também sobre o acesso das pacientes a esses novos tratamentos. Recentemente, foi aberta uma consulta pública para analisar a entrada de novas terapias no rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Se o resultado desta consulta pública for positivo, todas as mulheres com câncer de ovário avançado recém-diagnostico que tiveram resposta parcial ou completa à quimioterapia à base de platina e que possuem plano de saúde terão acesso a estes medicamentos⁶. Para que isso aconteça, é necessário que a sociedade médica, instituições de saúde e, também, pacientes, seus amigos e familiares participem de forma ativa, opinando sobre a importância da incorporação das terapias no rol, pois, desta forma, ampliaremos o acesso e a possibilidade de tratamento de mais mulheres que sofrem com um câncer tão letal como o de ovário.

As consultas públicas devem ter ampla adesão da sociedade, para que as incorporações sejam mais rápidas e para que possam acompanhar a evolução da medicina. Desta forma, as pacientes terão cada vez mais acesso ao que de mais moderno é produzido pela comunidade científica. Por isso, não deixe de contribuir com sua opinião na consulta para ajudar o futuro das pacientes com câncer de ovário.