Câncer bucal muitas vezes silencioso atinge cerca de 15 mil pessoas ao ano, sendo em sua maioria homens acima de 50 anos
Uma afta insistente é um sintoma que pode até passar despercebido, mas na realidade, pode representar um forte alerta para o tumor orofaríngeo, câncer de boca. Sangramento repentino, feridas, machas brancas ou qualquer lesão desse tipo que permaneça por mais de 15 dias na boca deve ser investigado com atenção.
De acordo com Instituto Nacional de Câncer (INCA), o Brasil é o terceiro país com mais ocorrências, cerca de 15 mil casos por ano. O câncer de cavidade oral tem mais incidência em homens acima de 50 anos e costuma ocorrer na parte posterior da língua, mas outras regiões como o assoalho bucal, lábios, as bochechas, gengivas, glândulas salivares, amígdala e o céu da boca também podem ser afetadas.
Por ser uma doença que apresenta sintomas sutis, é preciso sempre estar atento aos primeiros sinais. Além de feridas que não cicatrizam, manchas brancas ou vermelhas, nódulos na região, dor e dificuldade para mastigar ou engolir são outros sintomas que podem aparecer. “O câncer de boca é silencioso e muitas vezes indolor, por isso, o autoexame é fundamental para evitar que a doença seja apenas detectada em estados mais avançados”, afirma Andrey Soares, oncologista do Centro Paulista de Oncologia – CPO, unidade São Paulo do Grupo Oncoclínicas.
Fatores de risco
O desenvolvimento do câncer de boca está muito relacionado ao estilo de vida. O fumo e o álcool ainda são os principais fatores, com 90% dos casos associados a esses hábitos, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). Nos últimos anos, o HPV também tem sido um fator principal para o surgimento da doença, inclusive entre jovens. O contato sexual, principalmente no sexo oral, é a principal forma de contaminação.
“Apesar do número de fumantes ter diminuído, em apenas 20 anos esse tipo de câncer aumentou cerca de 225%. O principal fator pode ser o papiloma vírus, que é capaz de acelerar o desenvolvimento desse tumor”, salienta Andrey.
A higiene oral feita de forma precária e inadequada, uma dieta pobre em minerais e vitaminas e a exposição aos raios UVA e UVB sem proteção nos lábios também podem contribuir para o aparecimento da doença.
O tratamento será determinado de acordo com a localização e o estágio da doença. “Para cada caso desenvolvemos um tratamento específico que pode combinar a cirurgia para a retirada do tumor, quimioterapia e a radioterapia”, explica Andrey Soares.
Quando a doença é diagnosticada ainda no início, as chances de sucesso podem chegar a 90% quando o paciente realiza um tratamento adequado. Nos casos em que a doença atinge um estágio avançado, esses índices apontam uma médica de 40%.