Dermatologista alerta para sinais nem sempre muito conhecidos da população
O mês de dezembro ficou mundialmente conhecido como Dezembro Laranja, período de conscientização da população sobre os riscos e a prevenção do câncer de pele.
Por vivermos em um país tropical, no qual a incidência solar é alta, o tumor do tipo não-melanoma é o mais comum no Brasil, correspondendo a 30% de todos os diagnósticos de câncer segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA). Acontece que 3% dos tumores de pele são do tipo melanoma, mais raro e agressivo, que pode causar metástase e até a morte.
O uso do protetor solar adequado ao tipo de pele evita esse tipo de câncer, não se expor ao sol nos horários de pico (entre 10h e 16 horas) e fazer avaliação anual das pintas com um dermatologista, também são medidas protetivas. Mas, quais são os fatores de risco da doença?
Segundo a médica dermatologista Dra. Maria Paula Del Nero, da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), além da exposição solar, há mais 10 fatores que nem todo mundo conhece. Ela descreve um pouco de cada um deles a seguir:
- Pintas: “uma pinta ou marca de nascença é um tumor benigno”, diz a médica. A maioria surge em crianças e adultos sem grandes problemas, mas “pessoas com muitos desses sinais têm um risco aumentado para desenvolver o melanoma”, alerta.
- Pintas displásicas: são atípicas e, muitas vezes, parecem com pintas normais, mas têm características do melanoma. “Elas são maiores e têm uma forma ou cor anormal. Podem aparecer na pele que é exposta ao sol, bem como na pele que, normalmente, está coberta, como nádegas ou couro cabeludo. Algumas pintas displásicas podem evoluir para melanomas”, descreve Dra. Maria Paula.
- Pintas congênitas: as pintas de nascença são chamadas de pintas melanocíticas congênitas e o risco de virar um melanoma varia de 0% a 5%, dependendo do tamanho. Quanto maior a pinta, maior o risco.
- Pele clara, sardas e cabelos claros: “o risco de melanoma é maior para brancos do que para os negros. Os brancos com cabelos ruivos ou loiros, olhos azuis ou verdes ou pele clara com sardas ou que se queimam facilmente têm um risco aumentado para a doença.”
- Histórico familiar: segundo a dermatologista, cerca de 10% dos pacientes com melanoma têm histórico familiar da doença. “Por isso é recomendável que os familiares próximos, como pais, irmãos e filhos, façam autoexame rotineiramente, consultem o dermatologista regularmente e reforcem a proteção solar”, diz a médica.
- Histórico individual: pessoas que tiveram melanoma têm risco aumentado para desenvolver novos tumores. Do mesmo modo, quem já teve câncer de pele basocelular ou espinocelular também têm risco aumentado de contrair melanoma.
- Imunossupressão: pacientes que passaram por transplante, que sejam HIV positivo ou que façam tratamentos que afetem severamente o sistema imune, podem desenvolver melanomas.
- Idade: “o melanoma é um dos cânceres mais comuns em pessoas com menos de 30 anos, especialmente em mulheres. Em casos familiares, o melanoma pode ocorrer em faixas etárias ainda menores”, explica Dra. Maria Paula.
- Gênero: antes dos 50 anos, o risco é maior para as mulheres; depois dos 50, o risco é maior em homens.
- Xeroderma pigmentoso: Dra. Maria Paula conta que essa é uma condição rara e hereditária, resultante de um defeito em uma enzima que normalmente repara danos ao DNA. Pessoas com esta condição apresentam maior risco de desenvolver melanoma e outros cânceres de pele em uma idade jovem, principalmente em áreas da pele expostas ao sol.
A prevenção ainda é a melhor forma de lidar com o câncer de pele e pode ser feito por todos. O tratamento da doença pode incluir medicação, cirurgia e até quimioterapia.