Quero contar a minha história e, quem sabe, ajudar alguém a superar as dificuldades praticando atividade física.
Sou Bruno Helman e fui diagnosticado com diabetes mellitus tipo 1 (DM1) aos 18 anos. Na época, estava em vias de prestar vestibular para Relações Internacionais e não sabia absolutamente nada sobre a condição.
Com o tempo, fui me apropriando e aprendendo que o “meu” tipo era autoimune, diferentemente do tipo 2, que é multifatorial. As aplicações de insulina tornaram-se parte da minha rotina, assim como a corrida, uma paixão que descobri mais ou menos na mesma época e que me ajudou muito a superar a depressão que tive pós-diagnóstico. Hoje já somo mais de 30 corridas, incluindo 15 maratonas.
Mas assim como o esporte me fez sentir melhor, percebi que eu precisava fazer algo também por outras pessoas com diabetes, principalmente àquelas que não tinham acesso à informação, acolhimento e educação em diabetes.
E então nasceu em 2017 o Correndo pelo Diabetes (CPD), que já impactou mais de 2 mil pessoas e tem como objetivo social estimular a prática regular de atividade física como ferramenta de promoção da saúde e inclusão da pessoa com diabetes e dos seus familiares. O CPD já percorreu mais de 10 cidades no Brasil e exterior e contabiliza 25 eventos presenciais, entre corridas e distribuição de cestas básicas durante a pandemia.
Mudar o panorama do diabetes e de outras doenças crônicas no Brasil, promovendo – por meio da atividade física – a inclusão social de pacientes e de seus familiares e fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos grandes objetivos do CPD. Um dos caminhos é acabar com o estigma do diabetes e difundir a educação sobre esta condição e esse tem sido um trabalho feito pelo CPD.
O que fazemos?
O programa oferece acompanhamento individualizado de profissionais de educação em diabetes, videoaulas de yoga, treinamento de fortalecimento muscular, planilhas de corrida/caminhada, além de encontros virtuais de troca de informações e conhecimentos sobre temas relevantes. Ambiente seguro e acolhimento para cuidar da saúde física e emocional também fazem parte do CPD.
Hoje, contamos inclusive com atletas de alta performance, como é o caso de João Coelho, diagnosticado aos oito anos com diabetes. Em 2017, aos 40 anos, começou no jiu-jitsu. Atualmente, Coelho é campeão no Pan-Americano e Sul -Americano de Jiu-Jitsu, e já foi campeão do mundo quatro vezes, na categoria.
Outra atleta do CPD é Liliane Jorge, que teve o diagnostico aos 32 anos de idade e está no CPD há três anos. A corrida de rua de pequena e longa distância é sua paixão. Já são mais de 70 pódios em apenas dois anos e maratonista com índice de qualificação para Maratona de Boston e Chicago logo na sua primeira maratona.
Futuro – Entre as metas para os próximos anos, estão expandir as operações do CPD para todo o Brasil, trabalhar junto ao SUS para fortalecer a inclusão e educação em diabetes na Atenção Primária à Saúde e realizar parcerias estratégica, como com a Plan International, ACT-Promoção da Saúde e outras organizações abertas a apoiarem a missão de promover saúde e inclusão a partir do esporte.
*Bruno Helman é fundador e CEO do Correndo pelo Diabetes