Apesar de a incidência da doença isquêmica do coração, que leva ao infarto, ter diminuído no Brasil nos últimos vinte anos, ela ainda é a principal causa de mortes no país, sendo responsável pelo aumento dos óbitos de mulheres de 35 a 54 anos. Segundo dados do último Posicionamento sobre Doença Isquêmica do Coração – A Mulher no Centro do Cuidado, documento da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
O levantamento também apurou que as mulheres são as mais vitimadas por um tipo de ataque cardíaco sem a obstrução das artérias coronárias, aquelas que alimentam o coração — quadro conhecido em inglês pela sigla MINOCA (Myocardial Infarction and Nonobstrutive Coronary Arteries).
Segundo a cardiologista, Nina Azevedo as condições tradicionais que predispõem às doenças coronarianas, como: hipertensão, obesidade, colesterol elevado, diabetes, tabagismo e sedentarismo se somam aos fatores adicionais que a Mulher pode apresentar, como alterações hormonais da Menopausa.
Vale ressaltar que as mulheres ainda estão exclusivamente sujeitas à doença hipertensiva da gestação, eclampsia e pré eclampsia, diabetes gestacional e aos efeitos colaterais do tratamento do câncer de mama, por exemplo.
“O acúmulo de funções e o excesso de preocupações com a família tendem a fazer com que as mulheres se coloquem em segundo plano se o assunto é saúde, o que pode explicar esse cenário. A procura por ajuda tardiamente, associada a baixa informação sobre saúde cardiovascular da Mulher e a somatória de múltiplas jornadas podem justificar a maior mortalidade do sexo feminino”, explica a especialista.
Segundo a cardiologista, a receita para combater tantos problemas graves é tão simples quanto eficaz, e vale para ambos os sexos: atividade física na rotina, alimentação balanceada, não fumar e controlar os parâmetros de pressão arterial e diabetes com exames regulares e acompanhamento médico.
E, justamente por serem mais suscetíveis, as mulheres devem estar duplamente atentas aos sinais físicos e emocionais, bem como buscar tratamento diante de situações como ansiedade, depressão e qualquer tipo de abuso psicossocial. “Isso é tão necessário quanto controlar a pressão ou o colesterol”, finaliza Nina.