Confira 4 mitos e verdades sobre a alimentação durante a gravidez

Muitas futuras mamães têm dúvidas sobre o que comer e o quanto comer na fase de espera pelo bebê;

para a PHD em Nutrição Sophie Deram, cardápio rico e variado é importante, mas é preciso evitar

Durante a fase de espera pelo bebê um cardápio rico e variado é importante, mas é preciso evitar “terrorismo” nutricional com as gestantes. Crédito: Divulgação

A gravidez é um período em que o corpo da mulher está em constante mudança, e, muitas vezes, o emocional está “à flor da pele”. Portanto, pensando na saúde da mamãe e do bebê, é fundamental prestar atenção no que se come e cultivar bons hábitos à mesa. Afinal, uma das bases para uma gestação saudável é manter uma alimentação balanceada, rica em nutrientes e com um comportamento alimentar tranquilo, ou seja, em paz com a comida. A regra é comer melhor, e não comer por dois!

“Muitas mulheres se preocupam com o que irão comer, por medo de ganhar peso em excesso ou causar algum malefício ao bebê. Sim, atenção ao que se coloca no prato é muito importante, mas a gestante deve ter em mente que isso não significa se privar ou fazer uma dieta restritiva. Muito pelo contrário, é preciso ter cautela e equilíbrio, e a ajuda de um profissional para acompanhamento é bem-vinda”, diz Sophie Deram, PhD em Nutrição autora do best seller “O peso das dietas”.

A especialista alerta para a pressão que existe sobre as mulheres que querem engravidar – ou que já estão grávidas- e estão acima do peso “ideal”. “Muitos acreditam que isso representa risco para a gestação, e dizem à grávida que ela “precisa emagrecer” ou “não pode ganhar nenhum peso”, senão irá prejudicar seu filho. “Imagine o quanto isso causa preocupação e ansiedade para a gestante”, diz.

Para Sophie, o excesso de peso pode, sim, desencadear problemas de saúde na gestação – como diabetes gestacional ou pré-eclâmpsia. A falta de nutrientes, por outro lado, pode causar também problemas no desenvolvimento adequado do bebê e gerando falta de energia na mãe. Mas a gestante não precisa se desesperar. Se ela já tem hábitos alimentares saudáveis, não precisa mudar muita coisa. “Em vez de cair na armadilha do “terrorismo nutricional”, ela deve buscar acompanhar e respeitar seu corpo, sua fome e saciedade, ‘fazer as pazes’ com a comida”, sugere.

Pensando em ajudar as mamães, a autora listou alguns mitos e verdades sobre a alimentação na gravidez.

Existe alimentação recomendada na gravidez?- VERDADE

Sim, o indicado é que, para que ganhe um peso saudável e se sinta bem disposta, garantindo o aporte de energia e nutrientes necessário para o bebê, a gestante busque manter uma rotina alimentar equilibrada, com as refeições principais -café da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar- compostas por comida fresca e, de preferência, caseira.

“A grávida é convidada a comer comida fresca e caseira, diminuindo os excessos de gordura e alimentos ultraprocessados Além disso, a variedade é indispensável, é preciso diversificar os pratos o quanto for possível. Outra dica importante é entender que comer deve ser um ato prazeroso e tranquilo. Procurar hidratar-se com frequência durante o dia, principalmente com água”, afirma Sophie.

Mas a especialista alerta: a ideia é optar por mais qualidade, dando preferência aos alimentos frescos e caseiros, e desenvolvendo uma boa relação com a comida. “A gestante não deveria fazer dietas restritivas, pois isso causa estresse e nessa fase é importante respeitar o corpo – manter, além do corpo, o psicológico saudável”, pondera.

Grávida deve comer “por dois” – MITO

Esse é um grande mito sobre a gravidez. A grávida não deve comer “em dobro” e sim comer “duas vezes melhor”, incluindo alimentos frescos e variados na sua alimentação. Esse é o segredo para o equilíbrio e a gestação tranquila, já que, se ficar muito tempo sem comer, a gestante pode ficar sem energia, sentir tontura, enjôo, ou até sofrer desmaios. “Por outro lado, se comer demais, pode ter azia e dor de estômago. Nenhum desses sintomas é agradável quando você espera um bebê”.

“O grande segredo não é restringir, e sim procurar respeitar a necessidade do organismo e alimentar-se até sentir saciedade”, recomenda a especialista.

Desejos durante a gestação -VERDADE

Os famosos “desejos” sempre serão levantados quando se discute a alimentação da gestante. Sim, eles existem! Mas não podemos defini-los como “regra” e nem como “desculpa” para se consumir tudo o que aparecer pela frente, e em grandes quantidades. “Algumas mulheres sentem vontade de comer coisas diferentes do habitual em horários incomuns, já outras passam a comer algo que não gostavam tanto e repudiam algo que as agradava antes da gravidez”, explica Sophie.

Para ela, o importante é saber respeitar tal desejo e, se for necessário, comer sem culpa. Mas ela lembra que é preciso saber diferenciar a fome orgânica da chamada “fome emocional” – que é quando buscamos a comida por ansiedade, nervosismo ou tristeza. “Esse tipo de fome faz você ingira mais do que seu corpo precisa, e não faz bem a ninguém, muito menos às gestantes”, alerta a PHD em Nutrição.

Existem alimentos proibidos na gravidez?- MITO

Não devemos pensar em itens “proibidos” e sim em alimentos que, de maneira geral, recomenda-se que sejam evitados. Alguns deles são as carnes e peixes crus e vegetais mal lavados. Isso devido ao risco de contaminação por microrganismos que podem fazer mal ao bebê e à mãe, como a toxoplasmose. “Queijos e leite não-pasteurizados também têm maior risco de contaminação por microrganismos prejudiciais à saúde, portanto, deve-se dar preferência a leites pasteurizados ou bem fervidos, e deixar de lado queijos como camembert, brie e feta”, ensina Sophie.

Alimentos ricos em açúcar – como refrigerantes e doces- devem ser consumidos com muita moderação, já que o excesso de açúcar pode levar ao ganho de peso excessivo, que pode acarretar problemas de saúde como o diabetes gestacional. O mesmo vale para itens como conservas e embutidos – ricos em sódio e conservantes. “Isso porque o consumo excessivo de sal pode causar hipertensão, que, na gravidez, representa maior risco de evoluir para a pré-eclâmpsia – um quadro grave para a gestante e para o bebê”, alerta a especialista.

Essas são recomendações gerais, mas é importante ressaltar que, na dúvida, deve-se consultar o médico obstetra que acompanha a gestação, ou o nutricionista que faz o acompanhamento alimentar da gestante, pois cada grávida é única e deve-se analisar caso a caso.

Equilíbrio é importante desde a barriga

A especialista acrescenta que, acima de tudo, deve-se prezar pelo equilíbrio. “A partir do momento em que a grávida está bem resolvida com a questão alimentar, sua rotina torna-se equilibrada, sem proibições e medo excessivo. Assim, a criança poderá se desenvolver bem desde a barriga, correndo menos risco de enfrentar, futuramente, questões como a obesidade e os transtornos alimentares”, avalia ela.

Para ela, o principal é fugir de extremos e mudanças radicais. “Não corte nenhum alimento do dia para a noite, faça substituições gradativas, e logo sentirá que seu paladar estará diferente. Com isso, será uma gestante feliz e terá um bebê feliz e forte no ventre. Curta esse momento especial da sua vida que é a gravidez, e esqueça as preocupações em excesso, inclusive com a comida”, finaliza.