Para o Dia da Amazônia (05/09), saiba como a pele de pirarucu encanta o mundo da moda e gera renda para população ribeirinha

Produto, que adorna bolsas, sapatos e roupas, seria descartado na indústria de alimentos, mas é reaproveitado no mundo da moda, aumentando a renda das famílias que trabalham com a pesca do peixe

Quando além de beleza, um produto consegue agregar valor social, ambiental e econômico, ele se torna ainda mais especial. Um insumo brasileiro que reúne tudo isso muito bem é a pele de pirarucu, apreciado na moda pela textura com escamas bem aparentes. O impacto positivo do produto começa muito antes de chegar às passarelas e prateleiras de marcas. Apreciado na gastronomia, o peixe vive em água doce e normalmente teria a pele descartada pelos frigoríficos. Com a proximidade do Dia da Amazônia (05/09), região de origem do pirarucu, entenda como o aproveitamento do material faz com que ele beneficie todos os lados, já que a carne separada da pele é comercializada por um valor mais alto.

“A partir do momento em que se descobriu que poderia ser usada em produtos, a pele virou mais uma fonte de renda para milhares de famílias das comunidades ribeirinhas. Para os compradores, é importante saber a procedência do insumo. A certificação garante que as pessoas responsáveis pelo início do processo não sejam mal remuneradas e para que o valor agregado não vá somente para a cadeia final. Dessa forma, beneficia a todos”, comenta Tainah Barreto, fundadora e diretora criativa da marca de sapatos Barreto, que utiliza o insumo em peças como mules e sandálias estilo birken.

 

 

Produto nacional

No Brasil, o Ibama supervisiona a pesca sustentável do pirarucu, garantindo a regulação desde o início do processo, da criação em planos de manejo ou cativeiros até a chegada às pesqueiras. Esse controle abrange aspectos como o tamanho do peixe e o período em que é permitida a pesca. Durante a piracema, o período de reprodução dos peixes, a captura do animal na natureza é proibida. Exportado para fora, o produto encanta labels dos Estados Unidos, principal mercado estrangeiro do peixe, e do circuito de moda europeu. O material já conquistou celebridades como a atriz Katie Holmes e compôs o casaco de um look da cantora Rihanna para editorial de uma grande revista de moda.

“Além de todo o valor sustentável e da valorização da matéria-prima brasileira, tanto dentro como fora do país, a pele de pirarucu detém uma beleza única, que se destaca entre todos os outros couros exóticos trabalhados no mercado”, avalia Tainah. “A textura funciona muito bem em diversos estilos, seja acrescentando um ponto alto em um look básico até compondo botas de cowboy, como vemos fora, e peças inteiras de vestuário”, complementa.

Atemporalidade e sustentabilidade de mãos juntas

Um dos principais pilares da sustentabilidade dentro da moda é a atemporalidade dos itens. Peças com design atemporal ultrapassam as barreiras das temporadas e de modismos passageiros, são modelos que funcionam em qualquer época e por vários anos, quando utilizado um material de qualidade. Na Barreto, por exemplo, Tainah mantém em catálogo mesmo peças de coleções passadas, como forma de valorizar o produto, a mão-de-obra e reduzir o impacto ambiental.

“Optamos por lançar o inverno aos poucos, em pequenos drops, em vez de uma grande coleção. Nem por isso, peças do verão passado deixam de ganhar destaque. Do próprio verão 2023, intitulado Vanda, temos peças em pele de pirarucu nas cores marrom e magenta. Nosso posicionamento envolve, entre os pilares, a valorização de todas as frentes que atuam no desenvolvimento de um produto. Dessa forma, nenhum sapato deixa de ser aproveitado”, explica Tainah.