Indústria cosmética atenta às alternativas aos testes em animais

Eduardo Pagani, gerente de desenvolvimento de fármacos e cosméticos do Laboratório Nacional de Biociência (LNBio), apresenta na in-cosmetics Latin America informações sobre simulação de órgãos humanos para testagem de produtos do setor

Animais protegidos e que não sejam submetidos a testes de laboratório. Essa é uma das grandes preocupações da indústria cosmética. Atento à essa questão e buscando auxiliar as empresas do setor, o Laboratório Nacional de Biociência (LNBio), mantido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), desenvolveu uma tecnologia específica que usa chips com células humanas que são interligadas em circuitos e, assim, simulam as condições do organismo.

Conforme explicou Eduardo Pagani, gerente de desenvolvimento de fármacos e cosméticos do LNBio, durante palestra no Workshop Técnico do ITEHPEC – evento que ocorre em paralelo à Feira in-cosmetics Latin America 2018 – a tecnologia desenvolvida reforça a preocupação do Brasil em substituir a utilização de animais em testes de novos produtos cosméticos.

O pesquisador explicou sobre as novas tecnologias de análise e processamento de amostras e testes de sensibilização cutânea que já estão sendo desenvolvidas em parceria com o Boticário na Plataforma Human on a Chip para incorporação de novas matérias-primas em cosméticos.

“Já é possível manter pedacinhos dos órgãos humanos e mantê-los vivos e integrados. Estamos bem próximos de fazer toda a arquitetura celular semelhante à do organismo humano. Isso agilizaria diversos processos na indústria cosmética, por exemplo, pois acabaríamos com todos os testes que ainda são realizados em animais”, comenta.

De acordo com ele, até 2019, cerca de 17 tipos de testes com animais não poderão mais ser praticados conforme determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Entre os procedimentos proibidos estão a aplicação de substâncias em órgãos sensíveis. “Com a nova tecnologia desenvolvida no LNBio, os órgãos mantidos em laboratório simulam o que realmente acontece nos organismos vivos. No futuro, a perspectiva é desenvolver cosméticos de acordo com a genética de cada indivíduo”, conclui.