Pesquisa revela que mais de 30% dos jovens brasileiros estão expostos a volumes prejudiciais à audição
O uso indevido de fones de ouvido tem se tornado uma das principais causas de perda auditiva entre jovens e adultos no Brasil. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde, mais de 30% dos adolescentes e jovens brasileiros estão expostos a níveis de som prejudiciais diariamente. O uso prolongado de fones em volumes elevados pode causar danos irreversíveis à audição, algo que vem preocupando especialistas da área da saúde.
A fonoaudióloga Camila Quintino, especialista em audiologia pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia (CFFA), explica que a perda auditiva ocorre de maneira progressiva, muitas vezes de forma imperceptível no início. “Os danos causados pelo uso inadequado de fones de ouvido são acumulativos. Muitas pessoas só percebem que estão com perda auditiva quando ela já está em um estágio avançado. O ouvido humano não foi projetado para suportar volumes tão altos por tanto tempo”, comenta a especialista.
Camila explica que os primeiros sinais de perda auditiva incluem dificuldade em entender conversas, especialmente em ambientes com ruídos de fundo, e a sensação de zumbido nos ouvidos, conhecida como tinnitus. “Se você começa a perceber que está pedindo para as pessoas repetirem o que dizem ou sente um desconforto constante nos ouvidos, isso pode ser um alerta de que sua audição está sendo prejudicada”, afirma.
Segundo a fonoaudióloga, a perda auditiva ocorre quando as células ciliadas presentes na cóclea, uma estrutura no ouvido interno, são danificadas pela exposição a sons em volume elevado. “Essas células não se regeneram. Uma vez que você perde essas células, o impacto é permanente”, explica. A especialista reforça que, para evitar problemas auditivos, é importante seguir algumas orientações quanto ao uso de fones de ouvido.
“A primeira regra é manter o volume sempre abaixo de 60% da capacidade máxima do aparelho. Se outra pessoa consegue ouvir o som do que você está escutando mesmo estando ao seu lado, o volume está muito alto”, alerta Camila. Além disso, a especialista recomenda limitar o uso contínuo de fones a, no máximo, uma hora por vez, fazendo pausas regulares para dar descanso aos ouvidos.
Sobre o tipo de fone, Camila destaca que fones de ouvido do tipo concha, que cobrem toda a orelha, são uma opção mais segura em comparação aos fones intra-auriculares, que se inserem diretamente no canal auditivo. “Os fones de concha ajudam a bloquear ruídos externos, o que permite que você ouça com clareza em volumes mais baixos. Já os fones intra-auriculares direcionam o som diretamente para dentro do ouvido, aumentando o risco de danos”, explica.
A conscientização sobre o uso correto dos fones de ouvido é fundamental para a preservação da saúde auditiva. “Infelizmente, muitas pessoas, especialmente os jovens, ainda não têm essa consciência. Precisamos educar sobre o impacto do som em volumes altos e o quanto isso pode afetar a qualidade de vida no futuro”, conclui Camila Quintino.