Solidão relacional, como a relatada por Daniele Hypólito no BBB25, pode impactar a saúde

Psicóloga da Hapvida NotreDame Intermédica analisa os efeitos mentais e físicos e dá dicas de como combater o isolamento

No “Big Brother Brasil 25″, exibido pela Rede Globo, Daniele Hypólito, ex-ginasta e participante do reality, compartilhou um desabafo sobre solidão e rejeição com seu irmão, Diego, gerando uma importante discussão sobre saúde mental e física. Em uma das cenas, a sister, emocionada, disse que não era prioridade para ninguém e se sentia excluída do restante do elenco do programa.

Para a psicóloga Cristiane Viana, da Hapvida NotreDame Intermédica, a percepção destacada por Daniele é definida pela ausência de companhia e pela falta de apoio emocional e de conexão significativa.

“A solidão pode nos afetar profundamente, especialmente quando estamos enfrentando desafios ou momentos difíceis e sentimos que não temos com quem compartilhar nossas angústias. Esse vazio pode, aos poucos, enfraquecer nossa saúde mental e até mesmo impactar nosso bem-estar físico”, afirma.

O isolamento emocional é mais comum, especialmente na fase adulta, devido ao aumento das responsabilidades profissionais, das preocupações financeiras e da busca por estabilidade. “A vida moderna, com suas exigências, muitas vezes, nos faz negligenciar a importância de interações reais”, reitera Cristiane.

Impactos na saúde

Vivek Murthy, renomado médico dos Estados Unidos, afirma que a solidão pode ser considerada uma epidemia global, aumentando o risco de doenças cardiovasculares, depressão e até mortalidade precoce.

O autor traz um conceito que abrange três dimensões fundamentais. A primeira delas é a solidão íntima ou emocional, que se caracteriza pela falta de um confidente próximo, alguém com quem compartilhar sentimentos profundos e receber apoio emocional.

A segunda é a solidão social, que se manifesta na ausência de amizades de qualidade, companheirismo social e apoio em momentos de necessidade.

Já a terceira dimensão é a solidão coletiva, que se refere à distância de uma comunidade com valores e objetivos compartilhados, levando à sensação de pertencimento ausente.

“Nosso cérebro e nosso corpo estão interligados. O estresse emocional causado pela solidão pode gerar mudanças fisiológicas que afetam diretamente a saúde física”, reforça Cristiane, destacando que as consequências podem incluir problemas como aumento da pressão arterial, insônia, alterações no sistema imunológico, obesidade e até dependência de substâncias.

Rede de apoio

Para combater os efeitos da solidão, a psicóloga sugere algumas práticas diárias, como estar perto de familiares, cultivar empatia e priorizar interações presenciais. Ela também destaca a importância de uma rede de apoio emocional, com relações autênticas que proporcionem estabilidade e pertencimento.

Isso pode ser feito ao se juntar a grupos sociais com interesses comuns, como grupos de hobby ou atividades coletivas. Participar de redes comunitárias ou grupos de voluntariado também pode ajudar a sentir-se parte de um coletivo. Por fim, a autocompaixão e a busca ativa por conexão são passos fundamentais para combater a solidão e construir uma vida mais conectada e dotada de propósitos.

“Esse pode ser um poderoso mecanismo de proteção contra os desafios da vida cotidiana. Ter alguém em quem confiar, com quem dividir alegrias e preocupações, traz estabilidade emocional e um maior senso de pertencimento”, conclui Cristiane.