Falta de ar e cansaço crônico são as principais sequelas, mas, conforme a gravidade de acometimento do paciente em sua fase aguda, pode ocorrer também a atrofia muscular
Atualmente, uma das principais preocupações dos especialistas da área de saúde é a consequência que a infecção pelo coronavírus pode causar nos pacientes recuperados da Covid-19. Por ser uma doença que afeta diversos sistemas, principalmente o pulmão, muitos pacientes apresentam sintomas após se recuperarem. Quando essas ocorrências persistem após um mês de alta médica, os casos são classificados como sequelas da doença ou também chamado de Síndrome Pós-Covid-19.
Segundo o Dr. Julio Onita, infectologista do hospital IGESP, as principais sequelas nos pacientes são: falta de ar e cansaço crônico. “Entretanto, isso depende da gravidade de acometimento do paciente na fase aguda da doença. Quanto mais grave, mais sequelas ocorrem, como a atrofia muscular, pela dificuldade de realizar esforços por falta de ar ou fraqueza”, explica.
Ainda de acordo com o médico, além do acometimento pulmonar, outros sistemas podem ser comprometidos em maior ou menor grau, dependendo de sua gravidade. Por isso, ele ressalta que tromboses, derrames, alteração de glicemias e insuficiência renal são muito frequentes em pacientes internados.
O infectologista explica que o grupo de risco (pacientes com bronquites e enfisemas graves, imunossuprimidos, idosos, diabéticos e obesos) é mais suscetível a apresentar sintomas depois da recuperação, assim como tem maior chance de desenvolver manifestações mais graves. No caso das crianças e adolescentes com comorbidades o risco de desenvolver sequelas é o mesmo que o dos adultos, e aumentam em casos de pacientes com deficiências de nascença e síndrome de Down. Já as que não possuem comorbidades, o risco é expressivamente menor.
Dr. Julio Onita ressalta que se, no momento da infecção, algum órgão já tem acometimento prévio, a tendência é ter sequelas mais severas. No entanto, adultos saudáveis e fora do grupo de risco, também podem desenvolver a Covid-19 grave e, consequentemente, ter sintomas prolongados. Como se trata de uma doença nova na literatura médica, ainda não há informações concretas sobre o motivo. “No caso dos adultos, diferente das crianças sem comorbidades, alguns fatores de risco ainda são obscuros, o que nos faz ver pessoas saudáveis internadas em UTIs”, relata.
Reabilitação Pós- Covid-19
O especialista explica a importância da reabilitação e diz que o tempo de tratamento, geralmente, é proporcional ao acometimento agudo da doença. “Aquela pessoa que necessitou de quantidades maiores de oxigênio, por exemplo, tem tendência maior à alguma sequela crônica, o que faz a reabilitação pós-Covid-19 um ponto bastante importante para resolução ou minimização da sequela.”
Para finalizar, o infectologista, alerta: “Mantenham ainda as regras de distanciamento social, o uso de máscaras e álcool em gel. Uma doença conhecida há pouco mais de um ano e meio ainda é muito nova para termos conhecimento, tanto para tratamento, quanto para vacinas”.