O mês de novembro é marcado pela campanha Novembro Laranja, voltada à conscientização sobre problemas auditivos que afetam milhões de pessoas, como o zumbido, a misofonia e a hiperacusia. Embora cada um desses distúrbios apresente características distintas, todos podem causar um grande impacto na qualidade de vida. A fonoaudióloga Camila Quintino, especialista em audiologia pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia (CFFa), explica a importância da conscientização e os cuidados necessários para lidar com esses problemas.
Zumbido: O Sinal de Alerta para a Saúde Auditiva
O zumbido é a percepção de um som inexistente no ambiente, descrito por muitos pacientes como um apito, chiado ou até um ruído similar ao de um grilo. Estima-se que 28 milhões de brasileiros sofram com zumbido, e a condição pode variar de leve a severa, interferindo no sono, na concentração e no bem-estar. “O zumbido pode ser um sinal de alerta para diversas condições de saúde, como perda auditiva, problemas circulatórios e até fatores emocionais, como o estresse. É essencial buscar avaliação especializada ao perceber o sintoma”, explica Camila Quintino.
O tratamento depende das causas e pode envolver o uso de aparelhos auditivos, terapias de habituação sonora e técnicas de relaxamento. “A intervenção precoce é muito importante. Quanto antes o paciente busca ajuda, melhores são as chances de controlar o zumbido e reduzir o desconforto”, enfatiza a especialista.
Misofonia: Aversão a Sons Comuns
A misofonia é uma sensibilidade exagerada a sons específicos, como mastigação, digitação ou respiração, que pode gerar irritação intensa e, em alguns casos, levar a reações emocionais fortes. Segundo Camila, a misofonia ainda é pouco compreendida pela sociedade, o que pode levar os pacientes a se sentirem isolados e incompreendidos. “É comum que a pessoa com misofonia sinta raiva, ansiedade ou até pânico diante de sons corriqueiros, o que pode impactar relacionamentos e a vida social. Esse é um transtorno real, e o paciente precisa de apoio e tratamento para lidar com isso”, comenta.
A terapia sonora, em conjunto com acompanhamento psicológico, é uma das abordagens mais eficazes para ajudar o paciente a administrar os sintomas da misofonia. “A terapia busca uma dessensibilização progressiva, e, com o tempo, a pessoa passa a reagir de forma mais controlada aos sons que antes causavam desconforto”, afirma Camila.
Hiperacusia: Quando o Som se Torna Doloroso
Já a hiperacusia é a sensibilidade exacerbada a sons, inclusive aqueles em volumes considerados normais. Pessoas com hiperacusia podem sentir dor ou desconforto diante de ruídos comuns, como uma conversa em tom regular ou o trânsito. “A hiperacusia impacta muito a vida do paciente, pois ele passa a evitar locais barulhentos e, em casos mais graves, pode ter dificuldade para realizar tarefas diárias”, explica a fonoaudióloga.
Camila Quintino destaca que o tratamento geralmente inclui a terapia de reabilitação auditiva, que ajuda o paciente a se acostumar gradualmente com os sons, reduzindo a sensibilidade. “O tratamento visa melhorar a qualidade de vida do paciente, que passa a se sentir mais confortável em ambientes que antes eram evitados”, comenta.
A Importância da Conscientização
A campanha Novembro Laranja é fundamental para disseminar informações sobre esses distúrbios auditivos e estimular a busca por diagnóstico e tratamento adequado. “Essas condições, embora diferentes, são sérias e afetam diretamente a saúde mental e emocional. Quanto mais pessoas souberem sobre o zumbido, a misofonia e a hiperacusia, maior é a chance de acolhimento e de auxílio para quem sofre com esses problemas”, conclui Camila.