Você sabe o que seu filho está fazendo na internet?

Especialista orienta sobre os cuidados para crianças e adolescentes no uso das redes sociais

Não há barreiras físicas na internet, e é esse um dos motivos para que pais e responsáveis fiquem mais atentos ao uso de plataformas digitais por crianças e adolescentes. Quando falamos sobre exposição de crianças, estamos falando diretamente sobre revelar a intimidade da família. Então, nesse sentido, expor os pequenos excessivamente de forma pública pode ter consequências no longo prazo. O ideal é fazer esse compartilhamento de forma segura, sem expor a criança à nudez, até mesmo quando são bebês. Ainda quando o assunto é o sucesso dos perfis adolescentes nas plataformas, dados apontam que 69% desse público tem interesse em ser influenciador digital.

O ponto de vista de uma mãe, especialista na área de mídia e dados, pontua observações importantes, já que muitas vezes a euforia pode tomar conta e não há a observação adequada dos riscos e/ou cuidados “Como tudo na vida, o ideal é pensar no equilíbrio da exposição. Há uma prática muito comum, que é a criação de perfis no Instagram, assim que o bebê nasce. O ideal é que estes perfis sejam fechados e que as fotos não sejam comprometedoras no aspecto geral. Cabe também à família decidir qual é a hora certa de seu filho assumir o controle deste perfil” afirma Priscilla Ceruti, presidente do MamaLab e Líder do Comitê de Mulheres da dentsu. Outra dica importante que a especialista lembra é que os registros podem ser feitos em arquivos pessoais, já que guardar coisas importantes em redes sociais pode ser ser uma péssima ideia – já que as plataformas também têm riscos de invasão e perda de dados.

No geral, as regras para utilizar as redes são restritas, já que o usuário deve ter acima de 13 anos. Para os menores, existe a versão do Youtube Kids, apropriada para idades inferiores e muitos recursos de bloqueio de conteúdo. Essa restrição, por sua vez, já é uma forma de garantir um adolescente mais preparado para os desafios das redes sociais. “Claro que muitas crianças iniciam a gestão dos seus perfis bem antes disso e nesse contexto, fica 100% a cargo dos pais entenderem a necessidade e acompanhar de perto, uma vez que estão fora do recomendado. De qualquer forma, periodicamente as plataformas lançam atualizações no sistema de privacidade principalmente com foco nos menores de 16 anos”, explica a especialista.

Agora, quando falamos sobre a forma que as crianças passaram a se relacionar com as outras durante a pandemia, temos outro ponto preocupante. O uso frequente de ferramentas de bate papo e vídeo – que acompanham o uso das redes sociais – mostram uma forma diferente de bullying, que antes acontecia pessoalmente e hoje passa para os ambientes digitais, onde é mais fácil se esconder atrás de uma tela e não ter dimensão das consequências das suas atitudes.

Os nativos digitais, conceito que surgiu a partir dos anos 80, são jovens que já nasceram com facilidade de acesso às informações e que hoje já são adultos. Mas a partir disso, podemos ver uma evolução no crescimento, já que crianças utilizam smartphones de forma intuitiva. “Sobre uma possível dependência, vale a atenção as questões psicológicas e de desenvolvimento social. Um adolescente dependente de aceitação e avaliação de pessoas desconhecidas é um risco tão grande quanto às questões de cunho criminal citados acima, esclarece Priscilla. O principal incentivo sempre vem do exemplo, então cabe aos pais orientarem os filhos sobre os riscos. Além disso, nem tudo precisa ser compartilhado nas redes – aquilo que estamos falando no privado, pode não ser interpretado na internet da mesma forma.

Constantemente, as plataformas buscam novas formas de atualizar suas políticas de privacidade, mas a pergunta é, será que todos leem aquilo que estão validando? Dificilmente isso acontece, porque o conteúdo é extenso e muitas vezes complicado para entender. As plataformas buscam essa atualização, principalmente em relação aos menores de 16 anos, implementando regras de modo privado automático, quando o perfil é aberto e até o uso de machine learning para identificar a idade real do usuário e algum tipo de abordagem inadequada de adultos com esses perfis. A mesma tecnologia pode autorizar a plataforma a bloquear/ remover contas de perfis identificados abaixo da idade informada no cadastro.

Independente da geração, a boa e velha orientação dos responsáveis nunca sairá de moda. “A dica principal é ser próximo, conversar, participar, orientar”, conclui Priscilla Ceruti. O olhar atento é fundamental para estabelecer um processo de confiança no ambiente familiar.