Os cinco pilares da Inteligência Emocional

No meu texto anterior eu abordei as Soft Skills para compartilhar com você como essas habilidades interpessoais são imprescindíveis nos dias de hoje para desenvolvermos não só nosso comportamento profissional como também práticas que façam sentido com nosso propósito pessoal.

E te convidei para saber mais sobre cada uma das principais soft skills. Por isso, no texto de hoje, vou abordar uma das que considero mais relevantes – e desafiadoras para desenvolvermos: a inteligência emocional.

Quero te apresentar os cinco pilares da inteligência emocional, definidos pelo pesquisador e autor Daniel Goleman, principal referência no tema, e também te ajudar a colocar essa habilidade em prática, é claro.

Um turbilhão de sensações

Lidamos diariamente com sentimentos e emoções distintas em relação aos acontecimentos da rotina e da vida. No ambiente corporativo, as respostas (reações) a esses ocorridos são, muitas vezes, exigidas de forma imediata.

Pare por alguns instantes e pense com sinceridade:

Como recebe ordens e as processa?

Como lida com feedbacks, principalmente negativos?

Que tipos de relacionamento interpessoal você mantém com seus colegas, superiores ou liderados?

Você se conhece emocionalmente (consegue perceber e distinguir seus sentimentos e comportamentos) no ambiente de trabalho?

Se todos os dias você trava uma batalha interior com suas emoções, se sofre com reações incompatíveis com o ambiente ou se constantemente percebe um turbilhão de sensações, provavelmente não deve estar usando seus sentimentos a seu favor.

Por isso mesmo que está na hora de rever alguns preceitos, comportamentos e posições e começar a trabalhar sua inteligência emocional.

Vamos do começo: o que é essa tal soft skill inteligência emocional?

Inteligência Emocional (AI, na sigla em inglês) é uma característica mensurável que diferencia o nível de performance de uma pessoa.

Os psicólogos e pesquisadores norte-americanos Peter Salovey e John Mayer ajudaram no desenvolvimento dessa teoria e a definiram como:

A capacidade de perceber e exprimir a emoção; assimilá-la ao pensamento; compreender e raciocinar com ela, e saber regulá-la em si próprio e nos outros.

Mas foi o também psicólogo Daniel Goleman, na época redator de Ciências do The New York Times, quem chamou a atenção da mídia para o termo ao lançar o livro Inteligência Emocional, em 1995.

Aliás, fica a dica para a leitura dessa obra e de outros conteúdos do autor. Nesse TED aqui ele traz reflexões brilhantes sobre a capacidade humana da compaixão e porque não somos tão empáticos quanto podemos pensar que somos.

Uma frase que tem alto impacto extraída desse vídeo é essa aqui:

“É nossa empatia, nossa sintonia que nos separa dos maquiavélicos e sociopatas”, Daniel Goleman.

Na neurociência podemos imaginar o cérebro dividido em hemisfério esquerdo e hemisfério direito.

O primeiro é racional, matemático, lógico, cognitivo, analista e crítico.

Já o hemisfério direito é responsável pela intuição, emoções, sentimentos. O lado da compreensão emocional do mundo.

Inteligência emocional é essa capacidade de captar, sentir e reagir ao mundo exterior usando esses dois hemisférios do nosso cérebro.

Controlar nossos impulsos e sentimentos significa dominar sensações e emoções, inclusive ansiedade e depressão.

E praticar inteligência emocional é algo realmente transformador. Afinal, em resumo, ter essa habilidade desenvolvida nos permite dominar as emoções e usá-las a favor de nós mesmos, do nosso propósito e com empatia para contribuir com os outros.

Os cinco pilares

O primeiro passo para desenvolver e praticar diariamente a inteligência emocional é compreender os cinco pilares (ou áreas, como chamam alguns autores) dessa habilidade.

Essa divisão foi proposta por Goleman e nos ajuda a controlar os sentimentos para que não tenhamos atitudes impulsivas.

Vamos aos pilares:

#1 Autoconhecimento/conhecer suas próprias emoções

É preciso conhecer suas emoções para poder gerenciá-las.

Quando você está frustrado ou ansioso, essa é a única e verdadeira sensação ou pode estar escondendo um outro sentimento?

Por trás da ansiedade pode existir medo de fracassar ou receio de não conseguir atingir determinado resultado, não é mesmo?

É necessário reconhecer verdadeiramente os sentimentos, a ponto de nomear as emoções corretamente.

Dica prática: um bom exercício é, ao final de cada dia, anotar os sentimentos que você percebeu em determinadas situações, sempre buscando dar o nome de cada emoção. Exemplo: “Hoje me senti ansiosa antes de uma apresentação”.

#2 Autogerenciamento/controle das emoções

Logo depois de nomear e compreender emoções, é o momento de gerenciá-las.

Segundo Daniel Goleman, a consciência das emoções é fator essencial para controlá-las, entendendo a diferença entre autopercepção (o que entendemos e percebemos) e heteropercepção (o modo como os outros enxergam a mesma situação).

O que as pessoas enxergam não é, necessariamente, o que você pensa.

Você pode se perceber assertiva em determinadas situações. Outras pessoas podem te ver como ríspida. Ou você pensa estar tendo postura afável enquanto outros podem vê-la como ingênua.

Conhecer as possíveis percepções alheias é fundamental para controlarmos e ponderarmos a melhor forma de emitir mensagens e evitar entendimentos distorcidos.

Dica prática: ao final de uma semana anotando os seus sentimentos em situações rotineiras, analise e faça um balanço: quais foram as emoções mais frequentes e como você lidou com esses sentimentos?

#3 Automotivação para mudar comportamentos

É preciso acreditar que dá para mudar, para transformar.

Automotivação é fundamental para investir nessa mudança que possibilitará crescimento e controle das suas emoções.

Racionalizar antes de emitir uma mensagem, externar uma emoção ou tomar qualquer decisão traz grandes benefícios, como a diminuição de conflitos interpessoais ou mesmo conflitos internos. Isso te permite percorrer um caminho muito mais tranquilo e alinhado ao seu propósito em direção aos seus objetivos.

Dica prática: adote uma postura transformadora. Após observar suas emoções e atitudes de resposta frente a elas, proponha-se uma nova atitude quando vivenciar a situação novamente. Exemplo: se você notou que fica frustrada quando não recebe um feedback, solicite.

#4 Empatia

Para praticar inteligência emocional é preciso também estar atento à empatia.

(Lembra do vídeo do TED do Goleman ali acima sobre nossa capacidade de praticarmos compaixão e ser a empatia nossa principal ferramenta de afastamento de comportamentos problemáticos? É sobre isso!)

Sentir do lugar do outro, de maneira realmente sensível e aberta, desprovida de julgamentos envolve muito mais do que validar e respeitar os sentimentos alheios.

Ser empático no desenvolvimento da inteligência emocional é essencial porque somente praticando empatia você conseguirá se inserir no contexto em que o outro está para entender porque (e como, e quando) determinado sentimento despertou uma emoção.

Empatia é uma escolha.

Essa escolha melhora nossas relações e possibilita entendermos os desejos e motivações do outro.

Dica prática: ler o texto do blog (aqui) sobre atitudes empáticas e entender o porquê de o tamanho único não servir para todos.

#5 Investir nas relações interpessoais profundas

Sempre precisamos do outro.

Ninguém é melhor sozinho e todos nós somos parte de algo maior. Esse organismo chamado sociedade demanda relacionamentos.

Conhecer e se relacionar com pessoas é conhecer possibilidades. Quanto mais você constrói relações positivas e saudáveis, melhor consegue transitar entre os grupos, respeitar divergências e criar um ambiente positivo ao seu redor.

Dica prática: para se relacionar bem socialmente é fundamental o equilíbrio entre a empatia, o autocontrole e a autoconsciência, ou seja, pratique os passos anteriores de modo constante e crie essa atmosfera favorável para se conectar com pessoas e criar relações profundas.

Use as emoções a favor do seu propósito

A maneira como lidamos com nossas questões pessoais, nossos sentimentos e nos relacionamos com o mundo é determinante para nossa qualidade de vida. Esse processo de autoconhecimento e desenvolvimento da inteligência emocional é o que permite uma conexão verdadeira com nosso propósito.

Catalisar sentimentos e transformá-los em atitudes positivas é fundamental para o uso inteligente das emoções.

Então, busque sempre fazer essa auto-observação, percebendo e analisando emoções e reações, identificando limitações e construindo caminhos para mudança.

Note que é uma jornada que começa de dentro. Cada um de nós é responsável por tudo que nos ocorre, assim, podemos (e devemos) gerenciar as emoções para criar a transformação desejada.

Inteligência emocional é, sobretudo, manter o foco no que e como você deseja externar seus sentimentos, compreendendo o impacto e a relevância de cada emoção nos outros ao seu redor e na sua própria jornada.

Se você deseja saber mais sobre inteligência emocional e outras soft skills essenciais para nosso desenvolvimento, acompanhe os conteúdos aqui no blog e também se conecte comigo no Instagram (@ligianimeirelles).