Meta: benção ou pesadelo?

Você é do tipo de pessoa que estabelece metas pessoais e profissionais e se sente desafiada e motivada a cumpri-las?

Eu, como uma apaixonada por desenvolver comportamentos, lideranças e equipes para a alta performance, acredito muito – e prático cotidianamente – na potência de termos metas bem definidas e alinhadas com nosso interior para alcançarmos o que desejamos, o nosso propósito de vida.

É muito comum no meu trabalho encontrar pessoas que querem alcançar um objetivo pessoal ou uma determinada meta profissional. Mas também encontro muita gente que sente uma “obrigação” de ter metas ou que se apavora com o tema.

Acredito que boa parte desse grupo que não gosta de metas tenha a percepção de que elas são impostas por outras pessoas, meio a contragosto. Quando na verdade, ter (e cumprir) metas é um hábito extremamente valioso para todo mundo que quer conquistar objetivos maiores e realizar sonhos.

Podemos entender uma meta como um marco que ajuda no progresso para conquistar algo maior.

Acredito que quando você consegue perceber as metas como tarefas mais simples e rápidas de serem realizadas a fim de alcançar um objetivo, sua relação com elas muda.

Meu conselho primordial é que você entenda suas metas como uma estratégia de progresso e desenvolvimento. Claro que, profissionalmente falando, metas também servem para avaliar desempenho e auxiliar em tomadas de decisão.

Mas a ideia sempre é ter clareza sobre o quanto falta para alcançar o objetivo principal e ajustar a rota, se necessário, para tornar sonho em realidade.

Acho importante que você compreenda a diferença entre objetivo e meta, pois é essencial te dizer que objetivos são aquilo que pretendemos alcançar, enquanto metas são as atividades específicas que nos levarão até essa conquista.

Eu realmente preciso ter objetivos e metas?

Recentemente eu publiquei no blog um texto sobre reconhecimento. Você pode ler aqui.

Ser reconhecida ou reconhecido é uma necessidade humana e, para satisfazê-la, precisamos conquistar (realizar, alcançar, cumprir, atingir, etc) metas e objetivos, certo?

A verdade é que desempenhamos melhor nossas atividades quando estabelecemos objetivos e metas para seguir. Isso tem a ver com motivação, realização e, consequentemente, reconhecimento.

O raciocínio é mais ou menos este:

“Se eu cumprir a meta X que me ajudará no objetivo Y, poderei desfrutar da sensação de felicidade e reconhecimento por todo esforço”.

Por que devemos atribuir metas a nossa vida?

Você costuma se imaginar daqui a cinco ou dez anos?

Pensa em algo que deseja fazer no ano que vem?

Ou está concentrada na preparação de um evento que realizará na próxima semana?

Todos os dias, em diferentes níveis e circunstâncias, estabelecemos metas e começamos a trabalhar para alcançá-las.

Os 30 minutos de exercícios físicos, as 10 páginas de leitura, os dois litros de água. O investimento. A mudança. A compra. O encontro com a turma.

Dos menores aos maiores compromissos, um ponto é comum: definir metas.

O simples fato de concluir uma tarefa do seu dia de trabalho é a concretização de sucesso em determinada meta.

A questão é que, dependendo de como essa definição é feita, torna-se praticamente impossível transformar em realidade o que foi planejado.

E é aqui que muitas pessoas se frustram com as metas.

Por isso, além de saber o porquê definir metas na sua vida, é importante que esteja claro como defini-las. E também utilizar de uma fórmula que – você vai ver daqui a pouco – é um “anti-frustração”.

O benefício mais importante de definir uma meta não é somente te ajudar a alcançar seu objetivo, mas sim o que você faz e a pessoa em que você se torna para atingir aquilo que pretende.

A definição de metas é algo poderoso e que fornece foco.

Saber e aprimorar as ações exatas que precisamos realizar para alcançar tudo o que desejamos na vida nos leva a crescer de maneiras que nunca imaginamos.

Outro benefício: visão de longo prazo.

Enxergar além do amanhã, além do próximo compromisso, é essencial para que a gente aproveite verdadeiramente a jornada. Com isso, conseguimos saber o que nos move, o porquê de estarmos fazendo o que fazemos e a razão de seguirmos em busca da realização.

Sem meta, ficamos sem direção.

Metas pessoais: como assumir o controle da sua vida

Como falamos, metas são o caminho para um resultado desejado. Ou seja, é por meio delas que alcançamos aquilo que idealizamos, planejamos e nos comprometemos a alcançar.

Definir metas pessoais é importante para decidir o que você realmente deseja alcançar na vida. O mero exercício de definição te ajuda a separar o que é importante (de fato, para você) do que é irrelevante ou apenas distração.

E quando você passa a executar seu plano e cumprir suas metas, consegue se manter motivada e melhora a autoconfiança, com base no sucesso de cada etapa.

Não é à toa que atletas de alto nível, empresários bem-sucedidos e empreendedores em todos os campos definem metas para si mesmos.

Além disso, como metas são mais específicas e mensuráveis do que um objetivo, estabelecer uma meta nos torna mais propensas a alcançar o que é importante para nossa vida, especialmente quando queremos realizar uma mudança.

A sua atitude conta muito com relação às metas – principalmente para saber se elas serão bênçãos ou pesadelos.

Isso porque muita gente busca objetivos e metas que querem concretizar, mas só reclama da vida. Já percebeu?

Alcançar metas e realizar sonhos são ações intrínsecas. Ou seja, uma coisa leva a outra.

Mas ver a meta como uma obrigação ou o objetivo como algo que “dá trabalho” são atitudes que transformam o sonho em pesadelo. Com essa atitude, a meta não será mesmo uma bênção, mas sim um martírio.

Entenda: ter um objetivo imposto a contragosto por alguém ou uma situação realmente pode causar incômodo e justificar a reclamação, porém, se a pessoa deseja alcançar algum objetivo e estabelece algumas metas, por que reclamar que dá trabalho?

Tem gente que é assim mesmo, só faz reclamar que a vida é injusta.

Mas se você está aqui, sei que vê a vida cheia de oportunidades e possibilidades para alcançar nossos sonhos.

Dá trabalho? Sim! Mas a sensação de conquista, felicidade e realização é uma verdadeira bênção.

Sem frustração

Agora, voltando ao nosso método anti-frustração, para atingir seus objetivos traçando metas que façam sentido para você e sejam atingíveis, é preciso saber, primeiro, como definir metas.

Isso te ajuda a saber como está se saindo e evita frustração.

E a dica principal é ser o mais específico possível. Por exemplo, se você tem uma meta de juntar dinheiro e viajar, é preciso deixar ela extremamente detalhada, e o caminho mais fácil é uma metodologia já bastante difundida, mas realmente inteligente, a das metas SMART:

S (specific)

Quanto mais específica uma meta, maior a chance de alcançá-la.

M (measurable)

Sua meta precisa ser mensurável. Se você pode medir/comparar, é uma boa meta.

A (attainable)

Alcançável/atingível: nem fácil demais para ser subestimada nem difícil demais para não desmotivar.

R (relevant)

A meta deve ser relevante para conquistar o objetivo.

T (time-bound)

Meta boa precisa ter prazo estabelecido.

Nathália Arcuri, especialista em finanças e fundadora da Me Poupe! – maior plataforma de entretenimento financeiro do mundo – sempre fala sobre metas, inclusive sobre a metodologia SMART, em seus conteúdos e vídeos.

Como ela diz, meta não é verbo. Emagrecer, ganhar/juntar dinheiro, mudar de emprego. Isso são desejos que, para se transformarem em metas, precisam seguir o método.

Para te mostrar a diferença, vamos de exemplo:

Desejo:

Juntar R$ 10 mil para viajar.

Meta SMART:

Eu preciso de R$ 10 mil para viajar à França com meu marido/esposa daqui a dois anos porque é nossa comemoração de 10 anos de casados. Para isso, vou economizar X por mês e investir em Y.

Percebe como transformar em meta deixa o sonho muito mais realizável?

Metas na empresa: produtividade e resultados

Organizações utilizam metas por diferentes razões.

Pode ser para impulsionar ações mais alinhadas, aumentar o foco em determinado objetivo, oferecer recompensas, criar um ideal coletivo ou maximização dos resultados.

Enfim, mais adiante veremos quais são as boas metas organizacionais, mas antes, quero trazer à tona uma “verdade não tão absoluta”. É comum aceitarmos que as organizações precisam se embasar em metas para desenvolvimento e avanço em alguma direção.

Mas, será?

Jennifer Garvey Berger e Keith Johnston, autores do livro Simple Habits for Complex Times — Powerful Practices for Leaders, uma meta é geralmente o resultado de uma única perspectiva (ou conjunto de perspectivas unificadas) decidindo sobre o único comportamento que mudará o sistema para algum estado desejado.

Para eles, metas tendem a ser definidas porque são facilmente medidas e parecem estar conectadas para o problema em questão, mas muitas vezes não há uma ligação causal real entre a esperança de que a organização ou líderes têm e a meta que definem para tornar essa esperança uma realidade.

Logo após alcançar uma meta, teremos outra e em seguida outra. E é isso.

Jason Fried, CEO de uma empresa com mais de duas décadas de mercado, disse que “o motivo de não definir metas é porque elas são principalmente artificiais e você atinge a meta e fica feliz ou não a atinge e fica chateado. E se você atinge, você apenas cria outra. E tipo, qual é o ponto disto?”.

Outro ponto de vista vem de um artigo do psicólogo Adam Alter, que comenta que mesmo que no fim você atinja a meta, desde o início gastará a maior parte do seu tempo não atingindo-a. E esse estado de falha pode rapidamente impedir as pessoas de perseguir a meta que estabeleceram.

Apesar dessas visões, entendo que o mercado atual exige alta performance das empresas e dos seus colaboradores. Por isso mesmo, metas de produtividade são estabelecidas para que a organização possa atingir os resultados pretendidos.

Só não dá para tornar as metas num pesadelo para quem trabalha com você. Essa reportagem fala sobre o perigo das metas abusivas e como estas podem ser prejudiciais às pessoas. Esse não é o caminho!

Mas dá para fazer isso de uma forma horizontal e saudável.

Metas corporativas não são apenas números decorativos para você incluir no relatório ou planejamento. No mercado, elas são a tradução numérica dos objetivos estratégicos que norteiam o alcance dos resultados.

Especificar números de forma aleatória não contribui em nada com o dia a dia da empresa e, dependendo deles, só vão conseguir desmotivar a equipe — que jamais conseguirá alcançar os objetivos traçados.

Aqui vão alguns pontos importantes nas metas das empresas:

Planejamento estratégico no centro: a definição de metas deve partir daquilo que foi definido no planejamento estratégico da organização. A missão, visão e os valores de uma organização guiam esse plano e, por consequência, norteiam as metas a serem estabelecidas.

Nem fáceis demais nem impossíveis: assim como nas metas pessoais, é preciso ficar atento aos valores que serão destinados a cada área ou colaborador. As metas da empresa devem ser factíveis, realizáveis. O desafio deve fazer parte da meta, não torná-la inalcançável. Com trabalho, estratégia e dedicação, o funcionário deve ter a possibilidade de atingir o objetivo traçado.

Se possível, trace metas individuais: as metas devem acompanhar o planejamento estratégico e contribuir para o avanço da empresa como um todo. Mas na hora de definir os objetivos, para que os números fiquem mais próximos da realidade de cada equipe e de cada colaborador, busque um olhar individualizado e equilibrado.

Reconhecimento: colaboradores e equipes que atingirem os objetivos devem ter reconhecimento. Nem sempre é dinheiro. Eu mesma listei em meu Instagram 12 formas de reconhecimento além de bônus.

Não olhe para a meta uma vez ao ano: é preciso desenvolver uma metodologia de acompanhamento das metas. Existem mecanismos de acompanhamento que traçam uma série de indicadores para cada meta estipulada, possibilitando que você tenha uma noção do percentual de evolução de cada uma das metas. Caso haja fatores externos que causem impacto sobre o que foi programado, é possível rever as estratégias.

Liderança consultiva: líderes são os maiores influenciadores da equipe e, por isso mesmo, devem agir como consultores da equipe. Para tanto, é necessário estar disponível para ajudar a traçar estratégias, intervir em projetos complexos, oferecer feedbacks constantes e tomar a frente em decisões que podem definir os rumos de cada trabalho.

Em resumo, metas de produtividade são úteis para que uma empresa mensure seus resultados e direcione suas estratégias, mas devem sempre levar em conta a realidade de cada colaborador e equipe para que não se tornem pesadelos desconfortáveis.

Ressalto ainda que nos dois aspectos que estamos analisando as metas neste texto – pessoal e profissional (trazidas pela empresa) – podem e devem ser vistos como bênçãos.

Quando temos uma meta bem estabelecida e conhecemos os benefícios em cumpri-la, ativamos fortemente o sentimento de autorrealização e reconhecimento, que abordei nesse conteúdo aqui.

Também reitero que devemos sempre ser humanos no estabelecimento de metas – tanto para nós mesmos quanto para as equipes. Lembremos que metas devem ser alcançáveis e que muitos fatores – inclusive alheios à nossa vontade, vide a pandemia, por exemplo – podem interferir no atingimento de metas.

O que não devemos fazer, em nenhuma hipótese, é carregar peso e angústia, deixando que a meta se torne um pesadelo.

“Não bati a meta. E agora?”

Mais um fim de mês chega e sua meta não foi alcançada.

Quando essa situação se repete, o estresse aumenta, o trabalho acumula, o medo e a insegurança no dia a dia crescem.

Se isso já aconteceu com você, não se culpe. Acolha o sentimento e avalie o quanto da meta alcançada tem participação nas sensações de alegria, êxito e felicidade que você experimenta no seu cotidiano.

Trabalhar com metas pode promover o desenvolvimento e crescimento da empresa, além de auxiliar na liderança da equipe. Quando uma equipe ou algum funcionário não consegue atingir a meta estabelecida, é preciso ter empatia e analisar a correção possível para o próximo ciclo.

Aqui vão algumas dicas caso você esteja precisando lidar com as metas – tanto pessoais quanto profissionais:

Use a frustração como combustível

Não fuja das perguntas difíceis. Compreenda o que não deu certo e saiba o que te move de verdade. A partir daí, a descoberta pode se tornar combustível para novos objetivos.

Reveja as metas com sua equipe

Antes de começar a procurar soluções para atingir seus objetivos na próxima fase, é necessário que você identifique os motivos que levaram a um resultado aquém das metas estabelecidas. Envolva toda a equipe nesse processo. Não é para apontar culpados, apenas analisar os fatos e encontrar a melhor estratégia coletivamente.

Implemente mudanças na rotina

Auditar as atividades cotidianas (colocar uma lupa para identificar momentos de produtividade ou gatilhos para distração) ajuda a visualizar o que está prejudicando seu desempenho.

Analise sua performance

Analisar a performance individual para identificar possíveis pontos de melhoria é importante. No exercício de autoavaliação, entenda o que pode ser melhorado no seu comportamento que pode influenciar a equipe.

Peça ajuda!

Todas as pessoas estão sujeitas a erros e momentos de dificuldade. Contar com o apoio de outros integrantes da equipe é fundamental.

Faça treinamentos e aplique o conhecimento

No dia a dia, a rotina acaba obrigando que a prática se sobressaia em relação aos treinos. Vale parar um pouco e investir em aprimoramento de técnicas para alcançar resultados ainda mais efetivos na sua rotina. Lembre-se do que o pensador Peter Drucker dizia: “o que não se pode medir, não se pode gerenciar”!

Como lição final, entenda que as metas devem ser uma bússola e não uma trava. Com foco e dedicação, você chega lá!

E você, tem conseguido atingir suas metas?

Se você quer ajuda para estabelecer metas e objetivos ou saber como gerenciar sua rotina com alinhamento ao seu propósito, vamos conversar? Você pode me encontrar no e-mail, no Instagram e também pelo WhatsApp.