HOME OFFICE: O PAPEL DO LÍDER NA GESTÃO DE EQUIPES À DISTANCIA

“Agora que as empresas vivenciaram o trabalho remoto – e experimentaram a redução de custos e tempo associados – não há mais razões para voltar atrás”, Mark Lobosco, VP do LinkedIn.

Se o home office já era uma tendência mundial, após a pandemia de Covid-19 fazer a gestão de equipes remotas ou híbridas tornou-se algo imprescindível para os líderes de praticamente todas as empresas, independentemente do segmento.

Nunca trabalhou-se tanto de casa, e os desafios são imensos.

Afinal, transcendemos bruscamente de uma rotina para outra, sem muito tempo para adaptações.

Essa pesquisa conduzida pela EDC Group sobre Home Office mostrou que 63,2% dos entrevistados nunca haviam trabalhado de casa antes da pandemia.

Ou seja, somente com a urgência de uma situação inesperada é que as organizações se viram obrigadas a implementar rapidamente o trabalho remoto.

E obviamente surgiram desafios. Outra pesquisa da Fundação Instituto de Administração (FIA), apontou que 67% relataram dificuldades em implantar o sistema de home office.

Especialmente para os líderes, os últimos anos vem sendo de aprender a vencer os principais desafios da gestão remota e conseguir manter os times empenhados e alinhados com o propósito do negócio nessa nova realidade, sempre de olho no bem-estar de cada indivíduo.

Gestão à distância se relaciona muito com o grau de engajamento e pertencimento da equipe remota.

Recentemente eu abordei o tema pertencimento em um artigo aqui no blog. Clique para ler.

Nesse texto, mencionei Simon Sinek, importante autor e pesquisador que orienta líderes a focarem no propósito de suas empresas e vidas. Em suas reflexões, Sinek afirma que “liderança é uma maneira de pensar, um modo de agir e, mais importante, uma maneira de se comunicar”.

Perceba que isso não está atrelado à presença física do líder nem das equipes, mas sim à capacidade de gerenciamento de pessoas e de autogestão – comportamentos imprescindíveis para liderança.

Aliás, abrindo um parêntesis antes de continuar a reflexão, listo aqui características observáveis em um bom líder:

Comunica-se assertivamente e com transparência

Conhece profunda e verdadeiramente toda sua equipe

Possui visão de negócio

Tem boa gestão das emoções – olha a inteligência emocional sempre presente e necessária

Planejamento e execução realizados de forma impecável

Comunicação está no topo pois ela é a chave para uma gestão orientada ao sucesso. Se fazer entender de forma clara e transparente é o caminho para engajar pessoas. De novo, isso independe do local de trabalho, se na “sede” da empresa ou nas casas das pessoas, em coworking, cafés ou qualquer outro espaço em que seja possível exercer a função.

Matt Mullenweg, um dos fundadores do WordPress, traz uma visão muito clara do porquê o trabalho remoto pode ser muito bom para empresas e pessoas. Veja esse vídeo.

Acho interessante compartilhar esse case porque uma empresa multinacional nos traz a uma quebra de paradigma: é possível, sim, trabalhar e fazer a gestão de equipes de qualquer lugar, a qualquer distância, inclusive em países – e até continentes – diferentes.

Considero três pontos fundamentais na fala do Matt para quem quer executar uma boa gestão remota:

Tenha tudo documentado e o máximo de comunicação online possível: é preciso que todas as equipes e pessoas visualizem cada etapa e movimento de maneira rápida e clara.

Encontre ferramentas (apps, softwares, etc) que auxiliem na organização e que sejam acessíveis a todos.

Crie momentos para encontros pessoais visando equilibrar trabalho e diversão, pois, sim, conexão entre pessoas também de maneira física é essencial.

Para complementar a fala, também recorro a um segundo vídeo do TED Talk. Nele, Jason Fried defende que, em muitos casos, o trabalho não acontece no trabalho. Isto é, há situações em que ter toda equipe num único local não estimula a produtividade.

“Como podemos esperar que as pessoas produzam no escritório se são interrompidas o tempo todo?”, questiona o autor no vídeo.

Ele aponta que há dois tipos de distrações: as voluntárias e as involuntárias. E que os escritórios são as principais fontes das distrações involuntárias, graças a dois fatores principais, gerentes e reuniões.

O excesso de interferências na rotina do profissional em trabalho presencial pode ocasionar essa quebra de produtividade. No trabalho remoto, por sua vez, há menos distrações.

De fato, na mesma pesquisa que citei no início do texto, 52,8% das pessoas se encontraram tendo mais produtividade trabalhando de casa.

Expectativa X Realidade

Um amplo estudo da Orbit Data Science mostrou como, para grande parte da população, o home office passou de aspiração para um uma realidade longe da ideal.

A pesquisa se debruçou sobre 4.798 comentários de perfis de brasileiros no Twitter, Instagram, Facebook e em portais de notícias, entre janeiro e outubro de 2020. Os resultados indicam que a satisfação com o home office caiu de 71,3% para 45% a partir do momento em que a rotina se tornou permanente.

Para Caio Simi, CEO da Orbit, a crise de imagem do home office ocorre porque ele passou de ideia para realidade. Se antes era praticado por alguns profissionais apenas alguns dias por mês, passou a ser o novo padrão estabelecido.

Em muitas experiências, funcionários relatam que:

A comunicação fica mais truncada;

Os gestores têm maior dificuldade em acompanhar os processos;

Os colaboradores sentem-se desmotivados ao perder a visão do todo;

Há dificuldade de interação e colaboração;

Os processos tornam-se mais lentos pela dificuldade em trocar e comunicar.

Percebe algo em comum entre essas desvantagens apontadas? Elas estão, principalmente, relacionadas à infraestrutura e comunicação (de novo!). Isso quer dizer que o desafio essencial é a melhoria dos processos de comunicação e encontrar caminhos para que o remoto seja tão fluido e prático quanto o presencial.

Claro que também há diversas vantagens destacadas nesta nova maneira de trabalhar. Uma pesquisa revelou que:

81% destacaram poupar tempo com deslocamentos até a empresa como vantagem

49% gostam de poder se vestir de maneira mais confortável e acreditam que isso influencia na produtividade

CUIDADO COM O PIJAMA:  neste ponto, vale a ressalva de que, de acordo com a neurocientista Thaís Gameiro, o pijama é capaz de emitir sinais inconscientes de descanso. Por isso, a recomendação é nos vestirmos de forma adequada para executar tarefas sociais e de trabalho.

44% ressaltam a possibilidade para criar uma infraestrutura mais confortável para trabalhar (móveis e acessórios)

39% apontam a possibilidade de intercalar trabalho com tarefas domésticas como benefício

Trabalho híbrido e o futuro (ou presente) da gestão de equipes

Embora ainda tenhamos dificuldades com algumas equipes, o trabalho remoto (ou híbrido) é uma tendência cada vez mais presente. É preciso ressaltar que como seres adaptáveis, nós conseguimos sempre extrair aspectos positivos em diferentes situações.

No caso da rotina remota, por exemplo, muitas habilidades foram desenvolvidas em algumas pessoas, como a resiliência, a flexibilidade, a gestão do tempo e a autodisciplina.

Nos próximos anos, vamos observar algumas transformações nas relações de trabalho, entre elas:

Os limites entre pessoal e profissional vão se misturar cada vez mais, com isso, a gestão dessas rotinas ficará ainda mais integrada

Estrutura para trabalhar de casa (ou de onde estiver) será fundamental: coworkings e espaços compartilhados (como cafés) se pulverizarão

O mercado imobiliário deverá se adequar, pois escritórios em casa serão uma demanda do público de novos empreendimentos

Com o foco em resultados e não mais no número de horas trabalhadas, as pessoas poderão fazer coisas pessoais sem culpa

Morar em cidades grandes não será atrativo e as pequenas e médias cidades tendem a se desenvolver, reduzindo trânsito e poluição

Essas projeções são baseadas nas percepções dos principais pesquisadores e futuristas, que já apontam muitos desses pontos como situações do presente ou do futuro próximo.

Então eu te questiono: como você está vivenciando a experiência remota? Você já se preparou para lidar com a gestão à distância?

Liderar à distância: dicas práticas

Para fechar, vou trazer dicas para quem precisa fazer a gestão remota (inclusive a autogestão, se for caso) de uma forma mais leve e conectada ao propósito de vida.

1ª Transparência

Se os membros da equipe não trabalham no mesmo local, é muito necessário que todos sejam completamente honestos e transparentes em todos os processos. Esse é o segredo para que uma equipe (remota ou não) funcione bem enquanto time. Incentive sempre a prática do diálogo e da transparência em prol dos objetivos da empresa

2ª Planejamento

Estabeleça em conjunto metas de curto e longo prazo, um cronograma de trabalho e entregas e distribua tarefas. Deixe sempre claro a todos o panorama completo do projeto. As pessoas de uma equipe se sentem muito mais seguras quando recebem um planejamento detalhado e entendem o que é esperado delas, a quem recorrer e quando realizar entregas.

3ª Propósito e valores

Reforçar a cultura da empresa, mostrando a conexão de cada propósito à causa e missão pelas quais todos estão diariamente trabalhando. Ter a cultura de sua empresa internalizada ajuda a vivenciá-la e torna o trabalho mais eficaz.

4ª Escuta ativa

O papel do líder é fundamental na criação de vínculos por meio de rituais constantes, como feedbacks 1:1, happy hours ou squads em que as pessoas possam criar projetos. Isso gera um senso de humanização para que a gente deixe de estar naquela sensação de frieza da tela do computador e fomente o calor do relacionamento. Manter a escuta ativa, apesar da distância física, é outro passo essencial para demonstrar acolhimento e empatia.

5ª Infraestrutura

Entenda quais são as ferramentas necessárias para que o seu time consiga se comunicar e executar as entregas. Não é sobre quantos aplicativos ou softwares a empresa contrata, mas sim sobre a efetividade dessas tecnologias para fomentar a colaboração, a gestão do tempo e até mesmo a solidão. Use a tecnologia como aliada.

Enquanto seres humanos precisamos, por essência, nos sentirmos conectados e vinculados a algo. No modelo híbrido, é preciso pensar nas pessoas que não terão a oportunidade de estarem juntas fisicamente por morarem em outra cidade, por exemplo. Então é interessante traçar estratégias também para quem segue a distância.

Na verdade, assim como no formato de trabalho presencial, é necessário que as pessoas se sintam verdadeiramente valorizadas dentro da empresa. Cabe lembrar que nada é generalizado e que home office não é para todo mundo. É preciso respeitar e compreender as necessidades e perfis individuais de um time para que todos estejam confortáveis.

Organizações com maior clareza de cultura e propósito, que têm comunicação clara e cuida da saúde e bem-estar dos colaboradores saem na frente, assim como líderes que desenvolvem esses comportamentos se destacam.

Se você precisa e quer ser um líder melhor, eu tenho ferramentas e mentorias que te ajudam nesse processo. Para entrar em contato comigo, envie um e-mail.

E claro, tem muito conteúdo gratuito para você aprimorar técnicas aqui mesmo no blog e também no meu Instagram. Vamos nos conectar!