Essas tais Soft Skills…

Você já deve ter participado de alguma entrevista em um processo seletivo e se surpreendido com alguma pergunta, digamos, mais subjetiva do que técnica, como:

“Conte sobre um período em que precisou trabalhar em equipe.”

“Fale sobre uma situação ou desafio no qual precisou pedir ajuda.”

“Você se recorda de um momento que você precisou aplicar liderança para colocar uma ação em prática? Fale sobre sua atitude.”

Questões assim avaliam comportamentos, habilidades e posturas diante de situações cotidianas que vão muito além das competências técnicas, que podem ser mensuradas em testes ou até mesmo por meio das certificações descritas num currículo.

Essas perguntas analisam as habilidades interpessoais, que são úteis em qualquer área e necessárias para um desempenho funcional coletivo.

É por meio das respostas a elas que os profissionais de RH conseguem perceber se um candidato demonstra ter algumas “Soft Skills”.

Apesar de a expressão estar se popularizando cada vez mais, sei que muita gente ainda não se familiarizou com esse termo estrangeiro e deve estar se perguntando: “Eita, mas afinal, o que é esse tal de soft skill? Será que tenho que fazer um curso disso?”.

Calma, eu explico!

Afinal, o que são essas tais soft skills?

Muito valorizadas pelas empresas e grande diferencial nas entrevistas, principalmente em funções de liderança, as soft skills são habilidades sociais e não-técnicas que nos ajudam a interagir melhor com as pessoas, resolver problemas no trabalho e lidar bem com as nossas tarefas.

Em vários textos aqui mesmo no blog eu já trouxe algumas delas como comportamentos inerentes à liderança e ao desenvolvimento pessoal e profissional, como inteligência emocional, produtividade, antifragilidade e negociação.

Pesquisas e estudos demonstram que são essas habilidades as mais valorizadas e requisitadas pelas empresas.

Hoje, 7 em cada 10 habilidades profissionais são soft skills.

Além disso:

91% dos cargos de liderança e 86% dos cargos de negócios demandam soft skills;

90% das empresas declaram que desenvolver essas habilidades melhorou sua marca (desejo de querer trabalhar/pertencer//permanecer);

Até 2030, dois terços dos empregos serão intensos no uso de soft skills.

E por quê?

Ora, competências técnicas são mais fáceis de serem avaliadas e desenvolvidas do que habilidades sociais.

Se o candidato coloca no currículo que seu inglês é fluente ou que domina softwares específicos, por exemplo, basta aplicar testes para comprovar se a afirmação é verdadeira ou não.

Já as soft skills são mais comportamentais, logo, mais difíceis de serem comprovadas em avaliações. Por isso as empresas investem em processos que buscam identificar se o candidato tem as características pessoais desejadas.

Como você responde às perguntas do RH que tentam desvendar suas soft skills?

O ideal é fazer a conexão entre essas suas habilidades sociais e os resultados profissionais que obteve a partir da aplicação delas. As soft skills evidenciam uma visão de mundo mais empática, otimista e colaborativa.

Competências técnicas não importam mais?

É claro que importam!

Como estamos tratando das soft skills (habilidades sociais) é importante trazermos o panorama sobre as hard skills (habilidades técnicas).

Tudo aqui que aprendemos na escola, na faculdade e nos cursos que fazemos conta e é extremamente importante para nosso desenvolvimento profissional.

Na realidade, hard e soft skills precisam ser desenvolvidas em paralelo. As habilidades sociais complementam as técnicas (e vice-versa) e nos tornam profissionais muito mais equilibrados.

As hard skills são, de modo geral, facilmente mensuráveis e possíveis de desenvolver por meio de treinamentos e cursos.

Durante muito tempo, essas competências técnicas foram as principais e mais relevantes profissionalmente.

Afinal, é mais simples e rápido entender se uma advogada é eficaz na construção de um argumento jurídico do que se ela é uma pessoa produtiva em seu dia a dia.

Saber ler e interpretar um raio-X, impetrar um processo jurídico, projetar um edifício, proficiência em Excel, saber ministrar um medicamento intravenoso. Todos esses são exemplos de hard skills, habilidades mais práticas e concentradas em uma área de atuação. E, por isso mesmo, mais individualizadas.

As soft skills, por sua vez, têm mais relevância coletiva. São habilidades interpessoais aprimoradas pelo desenvolvimento comportamental.

Como assim?

Exemplo 1: Fluência em inglês (hard skill), por exemplo, é fundamental para muitos profissionais. Falar o idioma com segurança, transmitindo credibilidade e confiança (soft skill) pode nos levar muito mais longe.

Exemplo 2: Uma médica pode ser brilhante na sala de cirurgia, mas sem saber controlar o tempo das consultas, se comunicar bem com seus pacientes e lidar com a pressão, é como se não atingisse todo o seu potencial.

Acredito que esses exemplos demonstram que as soft skills se referem a habilidades comportamentais relacionadas a maneira como uma pessoa lida com a outra, já as hard skills se relacionam ao uso da competência técnica desenvolvida em cursos ou nas experiências profissionais acumuladas.

Aliás, a diferença mais importante entre soft e hard skills está no aprendizado. Enquanto as habilidades técnicas podem ser adquiridas com treinamento (estudo teórico e prática), as soft skills fazem parte da personalidade e do comportamento de cada profissional. São características pessoais.

Mas então não tem como desenvolver uma soft skill?

Claro que tem! Eu mesma, em meu trabalho com o desenvolvimento de comportamento, sei que as habilidades sociais preponderantes podem ser aprimoradas por meio de técnicas e, sobretudo, pela sua conexão com o propósito.

É sim uma jornada mais profunda do que a educação formal na qual desenvolvemos aptidões e técnicas, mas, te garanto, é uma estrada extremamente transformadora.

Por que as empresas estão tão interessadas nas soft skills?

Talvez você já tenha ouvido alguma frase do tipo:

Empresas contratam pelo currículo e demitem pelo comportamento.

A afirmação não está incorreta. Realmente alguns estudos mostram que as habilidades sociais/interpessoais (ou soft skills, agora que você já se familiarizou com o termo) são decisivas para a permanência de profissionais.

Voltamos aos dados apresentados mais acima e aos exemplos da importância de equilibrarmos nossos saberes. A técnica importa. Currículo importa. Experiência importa. Mas empatia, boa comunicação, organização e trabalho em equipe nunca importaram tanto.

Ainda temos um mercado de trabalho com certa herança do modelo pós-revolução industrial. Nele, o foco era na eficiência, em produzir o máximo possível no menor tempo e não em construir relações no ambiente de trabalho.

As emoções ficavam do lado de fora da empresa.

Com a automatização de muitas tarefas, a economia de serviços e de conhecimento ganhou mais destaque.

E logo descobrimos que reprimir sentimentos consome nossa energia e, na verdade, reduz a produtividade.

Conexões frágeis entre colegas de trabalho (líderes incluídos) também diminuem o engajamento e, por tabela, os resultados.

Ou seja, o mundo do trabalho hoje é muito mais coletivo, criativo e dependente de habilidades relacionais. Líderes, gestores, profissionais em diferentes níveis e cargos precisam entender a necessidade de ambientes de trabalho mais humanos.

Quais Soft Skills preciso?

Se você fizer uma busca por soft skills essenciais vai encontrar algumas dezenas de listas com as “principais habilidades” necessárias/procuradas pelas empresas, mas posso destacar algumas que são realmente valiosas para praticamente todas as áreas e funções:

Comunicação

Inteligência Emocional

Flexibilidade/Adaptabilidade

Atitude Positiva

Empatia

Trabalho em Equipe

Solução de Problemas

Negociação e Influência

Pensamento Estratégico

Gestão do Tempo

Perceba que a lista não está numerada nem organizada por relevância. Isso porque na realidade, como você pode observar ao longo do texto, soft skills são comportamentos e características bastante pessoais.

Esses atributos se complementam e nem todos precisam estar presentes no mesmo grau em cada um de nós, mas é importante considerarmos que essas habilidades são realmente consideradas pelos gestores quando estão formando equipes eficientes e autogerenciáveis.

Quais dessas soft skills você identifica na sua vida profissional ou nos seus comportamentos? Conte para mim nos comentários.

Como soft skills beneficiam indivíduos e times

As vantagens de desenvolver soft skills são inúmeras, já que elas evidenciam liderança, facilitam a convivência corporativa e auxiliam na adaptação a novidades.

Além disso, destaco que pessoas e times que investem em habilidades sociais conseguem:

Mais união e resiliência: habilidades como empatia, comunicação e trabalho colaborativo, fazem times inteiros funcionarem como uma unidade, mas também respeitam a perspectiva individual.

Menor custo: pessoas valorizadas pela empresa e que estão conectadas ao propósito sentem pertencimento, o que diminui a rotatividade e aumenta a performance, o que fortalece o negócio e os resultados.

Lideranças mais preparadas: gestores que conseguem se comunicar melhor, ouvir feedback, motivar a equipe e manter a organização dos processos alavancam os negócios.

Diferente das hard skills, que são temporárias, as soft skills são perenes. Ou seja, permanecem com a pessoa praticamente ao longo de toda a vida se bem desenvolvidas.

Como deu para perceber, esse conteúdo é uma introdução à jornada do autoconhecimento que permeia o desenvolvimento dessas habilidades essenciais.

Bora dar um mergulho em cada uma das soft skills por aqui?

Te faço um convite: vá até o meu Instagram (@ligianimeirelles) e interaja no post sobre soft skills comentando sobre qual delas você quer saber mais.