Inflação média de alimentos na cidade teve queda de 1,98% em dezembro pra janeiro; região central apresentou o kit mais caro
A diferença de custo da cesta básica entre as regiões de Ribeirão Preto chegou a 21,1% em janeiro de 2025, segundo a pesquisa mensal da Associação Comercial e Industrial da cidade (Acirp).
Mesmo com redução de 1,98% no valor médio do kit em relação ao mês de dezembro, a variação regional para os mesmos 13 itens chegou a R$ 137,52.
O levantamento do Instituto de Economia Maurílio Biagi (IEMB) da Acirp aponta que a cesta mais cara foi a da região central, ao custo de R$ 788,14, com queda de 0,85% em relação a dezembro.
A mais barata foi a da Zona Norte, de R$650,62, menos 4,85% comparativamente à dezembro e responsável pela queda geral do valor médio para janeiro, que ficou em R$ 724,61.
A região com maior redução de preços foi a Sul, com queda de 5,29%, ficando em R$ 756,61. Ainda assim, foi a segunda cesta mais cara em janeiro.
A maior alta ocorreu na região Oeste, com preço 7,10% acima do registrado em dezembro, totalizando R$ 746,23. Na zona Leste, o valor foi de R$ 732,27, um redução de 2,10% do mês anterior.
Maiores oscilações
Com relação a janeiro de 2024, quando a cesta em Ribeirão foi cotada a R$ 712,18 pelo IEMB-Acirp, a média de preços subiu 1,74%.
“Nesse contexto, apesar da queda nos preços da cesta de alimentação mensal chegar a 1,98% em janeiro deste ano, alguns alimentos, como o café em pó e o tomate italiano, apresentaram elevadas taxas de inflação”, avalia Lucas Ribeiro, analista do IEMB-Acirp.
O café subiu 12,35% em um mês, alta atribuída a fatores climáticos adversos que elevaram os custos de produção sobretudo no Brasil, maior exportador global da commodity.
“A ocorrência de secas prolongadas e geadas severas nas principais regiões produtoras comprometeu o desenvolvimento das lavouras, resultando em menor produtividade e perda de qualidade dos grãos. Esses eventos reduziram a oferta disponível e elevaram os custos, pressionando as cotações internacionais”, explica Ribeiro.
Além disso, segundo o analista, a incerteza climática para a safra de 2025 tem gerado um comportamento especulativo no mercado futuro, intensificando a valorização do produto.
“Os estoques permanecem em níveis reduzidos e a demanda global segue em crescimento, com destaque para mercados emergentes como a China, o que impulsiona ainda mais os preços. O cenário atual sugere manutenção da tendência de alta”, aponta.
Outros produtos com grande variação de preços foram o tomate italiano, que subiu 7,35%, e a batata inglesa, com queda de 20,12%. “O tomate também sofre com a mudança do clima e com a oscilação do câmbio. Já a batata inglesa apresentou reflexo do crescimento da oferta do produto pelo período de colheitas”, afirma Ribeiro.
Acerca do peso de cada categoria no dispêndio mensal, a carnes corresponderam por 43,7% do orçamento total, seguido de frutas e legumes (22%), farináceos (21,19%), laticínios (6,15%), leguminosas (3,45%), cereais (2,54%) e óleos (0,96%).
No bolso
O poder de compra neste mês de janeiro subiu cinco pontos percentuais se comparado a dezembro de 2024. O IEMB calcula que este mês, considerando uma remuneração líquida de R$1.403,85 (salário mínimo já com descontos), um trabalhador compromete cerca de 51,62% de sua renda com gastos alimentares ou cerca de 113,55 horas das suas 220 horas mensais trabalhadas. “Além da deflação, o poder de compra do consumidor foi potencializado com o crescimento de 7,5% do salário-mínimo”, lembram os pesquisadores.
Metodologia
No dia 22 de janeiro de 2025, o IEMB-Acirp visitou dez supermercados/ hipermercados e quatro panificadoras distribuídas entre as regiões Norte, Leste, Oeste, Sul e Central de Ribeirão Preto. Foram coletados os preços dos produtos que compõem a cesta de consumo segundo as provisões mínimas estipuladas pelo DL nº 399/1938.
A cesta considerada inclui carne bovina (6 kg de alcatra), leite longa vida (7,5 litros), feijão carioca (4,5 kg), arroz branco tipo 1 (3 kg), farinha de trigo (1,5 kg), batata inglesa (6 kg), tomate italiano (9 kg), pão francês (6 kg), café em pó (0,6 kg), banana nanica (90 unidades), óleo de soja (0,8 litro), açúcar cristal (3 kg) e margarina (0,75 kg).
Os locais de compra são determinados com base na Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2017-2018. O pão francês é o único item cotado também em padarias, uma vez que 60% dos ribeirão-pretanos preferem comprar este produto nestes estabelecimentos.
IEMB
O Instituto de Economia Maurílio Biagi (IEMB) é um braço do Departamento de Relações Institucionais da Acirp, entidade que em 2024 completou 120 anos de atuação. O IEMB-Acirp foi criado em 1954 com objetivo de gerar dados socioeconômicos para orientação na gestão de empresas e da cidade. O Índice Mensal da Cesta Básica do IEMB-Acirp é mensurado desde maio de 2023.