Artigo da psicóloga e mentora Sabrina Alves
O período de pandemia trouxe muita consciência do que as pessoas realmente querem para suas vidas, o que consideram mais importante e, principalmente, o que não querem mais. Os números de divórcios cresceram consideravelmente durante esse momento de isolamento social e essa questão traz a reflexão sobre como muitos casais negligenciam aspectos desfavoráveis na relação, que com toda a ocupação e afazeres do cotidiano, estão mascarados. Também é importante considerar que antes da situação pandêmica, as pessoas conseguiam manter uma vida com sua individualidade mais preservada.
Outro ponto essencial sobre as relações durante a pandemias é a família. De qualquer forma, assim como com casais, proximidade não quer dizer convivência harmoniosa. A pandemia apenas ressaltou aquilo que estava mais em evidência em cada pessoa, relação ou família. As pessoas que eram cuidadosas, empáticas, devotadas à família, politizadas e amorosas seguiram cada vez mais atentas à toda sorte de cuidado e autocuidado. Já as pessoas que eram negligentes, sem conduta que defendesse o coletivo, que não prezavam pelo cuidado de si e das pessoas, somente mostraram, durante a pandemia, seu lado egoísta.
Durante a pandemia, o que não se consegue mais fazer tanta facilidade é fugir dos conflitos. Antes do isolamento social, ter uma vida paralela, e até mesmo fingir que estava tudo bem nas relações, era uma tarefa fácil, pois todas as ocupações do dia a dia proporcionavam que todos os envolvidos numa relação pudessem não dar tanta ênfase às coisas que não estavam boas ou claras. Com a convivência sistemática, muitos conflitos já não puderam ser mais “escondidos debaixo do tapete” e os envolvidos numa relação não puderam mais fugir de resolverem aquilo que não estava harmonioso.
A comunicação sempre foi parte da solução dos problemas entre as pessoas. Falar o que sente e como se sente frente aos desafios, aos sentimentos, ao outro e aos medos ajuda demais a lidar com tudo o que é novo na vida e com o que está se tornando uma rotina exaustiva. Conversar, falar, também é uma forma de se ouvir e não só de se comunicar com o outro, é a forma mais efetiva de trazer o outro para dentro de sua realidade interna. Assim como saber falar, saber escutar são ferramentas valiosíssimas que temos a nosso alcance e sem custo, mas funciona cada vez melhor conforme exercitamos e levamos a sério.
Além da terapia, que proporciona um processo de autoconhecimento e lhe apoia numa harmonia entre o que há no mundo interno e o que pode realizar no mundo real para equilibrar-se, algumas dicas podem ajudar com uma boa relação atualmente, como o gesto de falar, se ouvir e escutar o outro, que está entre as coisas que mais produzem um efeito positivo nos relacionamentos, conversar, não menosprezar a angústia e a dor do outro, manter uma rotina positiva, analisar o seu humor, peça opinião ao parceiro(a) a seu respeito, manter uma rotina de intimidade sexual, manter a individualidade e nunca se esquecer: tudo vai passar, e será muito melhor se passarmos com aprendizado, calma e amor.