Criatividade é o ato de transformar ideias novas e originais em realidade. Ou seja, não basta apenas ter uma ideia, é preciso saber o que fazer com ela.
Também dá para descrever como a capacidade que uma pessoa tem de ver o mundo de novas maneiras, identificar padrões, estabelecer novas conexões e gerar soluções.
Basicamente, a criatividade se divide em dois processos: pensamento e produção. Isso significa que alguém com ideias, mas sem ação prática sobre elas, é apenas imaginativo e não criativo.
Trazendo para a realidade: você já encontrou algum desafio no seu trabalho, na sua empresa ou mesmo na sua casa que não conseguiu resolver porque os métodos tradicionais não funcionam?
Nós, brasileiros, somos reconhecidos por soluções criativas. É comum termos exemplos de pessoas criativas ao nosso redor e situações em que precisamos exercitar a criatividade. E eu não estou falando de “jeitinho”, mas sim de criatividade como habilidade para resolução de problemas.
Ao contrário do que muita gente pensa, ser criativa ou criativo não é inato ao ser humano, mas sim uma habilidade que pode ser treinada e desenvolvida. Sim, existem ferramentas para isso, inclusive trarei dicas práticas neste conteúdo.
Antes, no entanto, vamos nos aprofundar um pouco mais.
No mundo dos negócios, em ambientes corporativos e até naqueles mais informais, criatividade é o elemento que realmente distingue pessoas boas no que fazem das que têm desempenho excepcional.
Ter profissionais criativos é essencial para a sustentabilidade das empresas. Ser um gestor ou profissional criativo não é apenas um diferencial, mas sim um caminho para conquistar o sucesso.
Quando buscamos soluções criativas, quebramos a rotina profissional, trabalhamos com a intuição e nos abrimos a novas possibilidades. Encontramos e seguimos por caminhos diferentes para resolver problemas.
Com criatividade, a inovação fica mais perto do negócio e pode se tornar uma realidade. É a partir de uma ideia criativa que produtos e serviços inovadores surgem e mudam a forma como realizamos entregas e resultados.
As 6 turbinas da criatividade
Tina Seelig ensina inovação e empreendedorismo e é apaixonada pela resolução criativa de problemas. Autora de best-sellers internacionais e premiada educadora da Stanford University, ela trabalhou com alguns dos melhores e mais brilhantes do mundo dos negócios, que agora estão entre os tomadores de decisão em empresas como Google, Genentech, IBM e Cisco.
Tina aborda sempre o modelo que criou e batizou de “Motor da Inovação”. Esse propulsor é composto por seis “turbinas”: Imaginação, Conhecimento, Atitude, Ambiente, Cultura e Recursos.
Abaixo eu vou trazer uma breve visão desses elementos, mas vale a pena conferir a fala da própria Tina Seelig neste vídeo.
Imaginação: quando crianças, temos uma imaginação extremamente rica, conseguimos criar mundos inteiros dentro da nossa cabeça e imaginar coisas que dificilmente um adulto imaginaria. No entanto, nosso modelo educacional, segundo Tina e outros autores renomados, é embasado em questões que possuem apenas uma resposta correta e não estimulam a imaginação. Basta decorar e repetir. Logo, adeus soluções criativas. A dica é olhar para os problemas por diversos ângulos, indo além da primeira (e geralmente óbvia) resposta correta. Forçar o cérebro a fazer conexões que não seriam feitas se você já tivesse se contentado com a primeira possibilidade.
Conhecimento: quanto mais coisas você souber, mais elementos você vai ter para conectar na sua mente e mais criativa poderá ser a sua solução.
Atitude: quando tiver que achar uma solução criativa para algum problema, sua atitude em relação à sua capacidade de colocá-la em prática precisa ser positiva. Encare soluções como mosaicos, não como quebra-cabeças. O mosaico pode ser construído com partes de diversas coisas diferentes. Não existe uma única peça que completa o desenho e você sempre pode tentar alguma coisa diferente.
Ambiente: ninguém vive dentro de uma bolha, por isso, sofremos diversas influências do mundo externo, e o ambiente faz toda diferença para a criatividade. Procure ambientes mais “ricos”, com coisas que estimulam a imaginação.
Recursos: antes que você pense, não estou me referindo apenas a dinheiro. Recursos se referem a muito mais, como as pessoas com quem convivemos, os incentivos que recebemos e as recompensas pelas nossas conquistas. Tudo isso interfere e ajuda muito a se tornar mais criativo.
Cultura: além da cultura organizacional, aquela que é adotada pelas empresas, é preciso considerar a cultura das pessoas e dos grupos dos quais você faz parte, inclusive seu bairro e sua cidade. A cultura do grupo que você mais convive vai ter um impacto grande em você e na sua criatividade.
Apenas para você conectar e interrelacionar as turbinas, compreenda que:
a Imaginação é estimulada pelo Ambiente;
os Recursos incentivam a aquisição de Conhecimento e o Conhecimento possibilita o acesso a novos Recursos;
a Cultura é um conjunto de Atitudes das pessoas e as Atitudes das pessoas são influenciadas pela Cultura.
São ciclos que se retroalimentam. E o melhor é que não há uma regra do tipo: “por onde eu começo”? Você pode decidir começar focando no seu conhecimento, que vai aumentar seus recursos, que podem ser reinvestidos no seu ambiente, estimulando sua imaginação para ter atitudes positivas e influenciando a cultura dos grupos que você convive.
Ficam as recomendações de leitura de livros de Tina Seelig: INGENIUS – A Crash Course on Creativity e Regras da Criatividade: Tire as ideias da cabeça e leve-as para o mundo.
Exercite sua Criatividade
Aqui vão algumas ferramentas e técnicas que podem te ajudar a ser mais criativo ou criativa.
Freefall Writing: escrita criativa para deixar fluir
Onde você registra suas ideais? O freefall writing propõe uma técnica de escrita criativa. Simples de executar e muito eficiente, a estratégia é coletar ideias, independente da qualidade, para liberar um potencial que você nem sabia que estava guardado em algum lugar do seu cérebro.
Faça muitas vezes, por vários dias, várias vezes ao dia. Quanto mais fizer, melhores os resultados.
Como fazer?
No computador ou com papel e caneta, escolha um tema geral para seu texto e estabeleça um limite de tempo para escrever;
Comece a escrever sem parar, digitando ou escrevendo até o tempo acabar;
Não pare por nada. Nem para olhar o esboço e muito menos para ler o que está escrevendo. Não ligue para a gramática, ortografia, pontuação ou estilo;
Se ficar sem ideias, escreva coisas sem sentido, coloque no papel o que vier à sua cabeça;
Algumas pessoas preferem fazer a técnica de freefall writing com uma música alta tocando. Desse modo a concentração (e a racionalização) serão mais difíceis, o que pode beneficiar a criatividade não racionalizada;
Quando o tempo acabar, pare de escrever e olhe para o que você escreveu. Marque passagens que contenham ideias ou frases que valeriam a pena manter ou que renderiam conteúdo.
A técnica de escrita livre pode ser aplicada por qualquer pessoa, de qualquer área. Liberar potencial cerebral é uma vantagem para todo mundo, não só para pessoas que trabalham diretamente com criatividade.
Brainstorming; provoque uma tempestade de ideias
Essa é uma ótima técnica para exercitar a criatividade da equipe, já que é perfeita para ser realizada em grupos de trabalho. A ideia é estar aberto para o que vem do outro, sem julgamento. Deixar as ideias “caírem” e depois separar as melhores soluções.
Selecione um mediador para o grupo;
Explique o objetivo e coloque todos a par do briefing do projeto;
Não critique ou julgue as ideias dos outros, por mais estranhas ou ridículas que elas soem;
Foque na quantidade: quanto mais ideias, melhor;
Crie um ambiente confortável que estimule a criatividade;
Determine um limite de tempo para a sessão;
Use um Mind Mapping para visualizar, conectar e associar ideias ou palavras: escreva o seu objetivo no centro do mapa e peça aos participantes para pensarem em problemas e outras coisas relacionadas, interligando um com o outro.
Os 6 chapéus
A metodologia foi criada com o objetivo de facilitar a comunicação em grupo para a resolução de problemas através de soluções inovadoras e criativas. Criada pelo médico inglês Edward de Bono, a técnica divide o problema em seis diferentes aspectos (chapéus). Em cada momento, o grupo “veste” o chapéu escolhido pelo facilitador e direciona o pensamento de acordo com o ponto de vista determinado pela cor do chapéu.
Chapéu branco: representa dados, figuras e números concretos. É o chapéu dos fatos, da visão geral do problema, das informações necessárias.
Chapéu vermelho: palpite, sentimentos e intuição. Neste momento são colocadas as percepções pessoais e emocionais de cada um, sem justificativas, em um curto espaço de tempo.
Chapéu verde: criatividade e a geração de novas ideias. Todos podem apresentar suas ideias para o problema, mesmo que sejam “absurdas” e fujam da realidade.
Chapéu amarelo: com ele, os participantes apresentam os benefícios e pontos positivos em geral, servindo para motivar as pessoas a enxergarem a mudança.
Chapéu roxo: representa a parte negativa da ideia. Com ele, o participante coloca a visão crítica apurada e a identificação de riscos, pensando sempre no pior cenário, no que pode dar errado e no porquê de não funcionar.
Chapéu azul: ele é usado durante todo o processo pelo facilitador, pois representa a orientação, o planejamento e a visão geral. Não tem foco no tema, mas sim em como ele é discutido, mantendo a direção certa do grupo.
A sequência dos chapéus é dada pelo facilitador, de acordo com a necessidade, podendo repetir quantas vezes for preciso até chegar a uma conclusão plausível. Geralmente, inicia-se com o chapéu branco para que todos pensem nas informações objetivas que se tem acerca do tema.
Scamper: ferramenta para fazer pensar fora da caixa
Scamper é uma sigla que está relacionada aos conceitos essenciais da técnica: Substituir, Combinar, Adaptar, Modificar, Propor, Eliminar e Reorganizar.
Substituir: é possível substituir algum material ou processo? Qual outro poderia ser usado no lugar?
Combinar: muitas vezes, o todo é maior do que a soma das partes. Combinar elementos de forma criativa pode atender aos desejos de um novo nicho de mercado.
Adaptar: pense nos processos já existentes, nos materiais usados, no maquinário que já faz parte dos ativos e veja se não é possível adaptar algum deles para começar a oferecer algum produto ou serviço novo.
Modificação: alterar uma característica bem pequena pode resultar no lançamento de um produto novo ou na adoção de um novo processo, que vai atingir um público totalmente diferente.
Propor: novos usos para um mesmo produto.
Eliminar: a solução pode estar em “enxugar” o que você já tem, limitar as funcionalidades do seu produto ao básico pode representar uma forma de reduzir os custos e até liberar capacidade produtiva para novas ofertas.
Reorganizar: analise as etapas dos seus processos. Alguma inversão pode ser capaz de promover uma melhora em toda a cadeia.
Neste vídeo há um exemplo prático de como usar a ferramenta.
Enfim, técnicas para destravar a criatividade não faltam. Eu falei sobre Design Thinking neste texto aqui e essa é mais uma ferramenta que você pode utilizar.
O essencial é que você consiga observar tudo com um novo olhar, indo além do óbvio e questionar sempre o porquê de coisas acontecerem de determinada forma ou pessoas terem certas atitudes.
Além de todas as técnicas, minhas mentorias podem te ajudar a usufruir da sua criatividade ao máximo. Para entrar em contato comigo, envie um e-mail.
Conecte-se comigo também no Instagram, que tem vários conteúdos pra te ajudar a desenvolver comportamentos e habilidades.