A influenciadora Marina Melo revela os desafios que pessoas com deficiência enfrentam ao comprar roupas e como a moda acessível pode ajudar a superar essas barreiras
A moda sempre teve um papel significativo na expressão da identidade e do estilo pessoal. No entanto, por muito tempo, a indústria da moda negligenciou as necessidades das pessoas com deficiência. Nos últimos anos, graças ao aumento da conscientização e ao trabalho de ativistas, designers e marcas inovadoras, a moda acessível e inclusiva tornou-se uma área em crescente evolução.
A história da moda acessível ganhou destaque quando designers começaram a reconhecer a necessidade de roupas funcionais e estilosas para pessoas com deficiência. A ideia não era apenas atender a uma demanda prática, mas também incluir esse segmento da população no conceito mais amplo de moda e estilo.
A inclusão está se tornando uma parte integral do design de moda. Muitas marcas estão buscando consultoria com pessoas com deficiência para garantir que seus produtos atendam às necessidades reais dos consumidores. A inovação na moda acessível não se limita apenas às roupas. A indústria está olhando para a experiência do cliente na totalidade, desde a navegação no site e as opções de compra até a acessibilidade nas lojas físicas e provadores inclusivos.
Recentemente, a influenciadora Marina Melo, que compartilha em suas redes sobre sua trajetória sendo uma pessoa com deficiência, foi até uma loja de departamentos e mostrou como é o processo considerando a falta de um provador acessível. “Infelizmente não consigo provar roupa no provador, porque na maioria deles não tem cama, então preciso ir no olhômetro. Além disso, a maioria deles estão ocupados por roupas e cabides e não tem como a pessoa com deficiência utilizar aquele espaço”, comentou.
A jovem, diagnosticada com atrofia muscular espinhal aos 8 meses, revela que sempre precisa ir acompanhada de alguém que entenda como cada roupa fica nela. “Só sei como ficam as roupas em mim quando chego em casa e experimento. Tenho muito receio em comprar e não dar certo. Peças como calças, shorts e blusa são mais fáceis de comprar, mas saia e vestido são mais complicados”, explica a influenciadora que revela sua vontade em usar peças longas.
Os provadores inclusivos desempenham um papel importante na experiência de compra de pessoas com deficiência. Ao questionarmos a influenciadora sobre qual seria o cenário ideal para tornar esses espaços mais acessíveis, ela pontuou os seguintes fatores:
Espaço amplo: Os provadores devem ter espaço suficiente para permitir a entrada e movimentação de cadeiras de rodas ou andadores. Uma área maior também facilita a assistência de um acompanhante ou cuidador.
Barras de apoio: A instalação de barras de apoio nas paredes pode ser extremamente útil para pessoas com mobilidade reduzida. Elas fornecem suporte extra ao entrar e sair do provador.
Cama: Uma cama deve ser incluída para permitir que as pessoas com mobilidade reduzida possam deitar para realizar a troca com a ajuda de um cuidador ou amigo que esteja acompanhando.
Portas e cortinas acessíveis: As portas devem ser largas o suficiente para cadeiras de rodas, e as cortinas devem ser leves para facilitar o manuseio. Portas automáticas ou de fácil abertura são ideais.
Espelhos ajustáveis: Espelhos inclináveis ou ajustáveis facilitam a visualização para pessoas de diferentes alturas, ou que utilizam cadeiras de rodas.
Iluminação adequada: Uma iluminação clara e uniforme auxilia na visibilidade, especialmente para pessoas com baixa visão.
Além de provadores inclusivos, as lojas e seus funcionários também podem tomar medidas para tornar a experiência de compra mais acessível, é necessário treinar a equipe para oferecer assistência a pessoas com deficiência, entendendo as necessidades individuais e respeitando a autonomia do cliente. Incluir ferramentas como sistemas de áudio para pessoas com deficiência visual, cursos de libras para os funcionários e aplicativos de tradução para surdos podem melhorar a comunicação entre clientes e funcionários. Pensando em locomoção, é importante que os expositores de roupas e corredores sejam projetados para permitir fácil passagem de cadeiras de rodas e andadores.
“Para uma experiência ainda mais inclusiva, é importante que as lojas e marcas coloquem fotos que mostram como a roupa se adapta ao corpo em diferentes posições, como, por exemplo, sentada ou deitada, fora do modelo padrão que é em pé”, explica Marina.
Por fim, a acessibilidade nas lojas e provadores é uma parte crucial da evolução da moda inclusiva. Quando a indústria da moda se compromete com a inclusão, todos saem ganhando. Empresas que investem em acessibilidade demonstram responsabilidade social e criam um ambiente mais acolhedor para todos os clientes.
Como a influenciadora Marina Melo destacou, a falta de acessibilidade nos provadores pode transformar algo simples como provar roupas em um desafio significativo. Portanto, é responsabilidade de todos os envolvidos na indústria da moda criar espaços acessíveis, inclusivos e respeitosos para garantir que cada pessoa tenha a oportunidade de se expressar por meio da moda, independentemente de suas habilidades físicas.
Sobre Marina Melo:
Marina Melo tem 20 anos, é influenciadora digital e compartilha sua visão sobre o mundo sendo uma pessoa com deficiência, buscando defender a inclusão e acessibilidade e ir contra o capacitismo. A jovem é portadora de AME II (fraqueza muscular) e visa humanizar as pessoas com deficiência.