Identificar os sinais de risco pode proporcionar o apoio a amigos e familiares, afirma psicólogo do Hcor
Dados da Organização Mundial de Saúde apontam que a cada 40 segundos alguém morre em decorrência de suicídio
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 800 mil pessoas cometem suicídio, por ano. Isso significa que a cada 40 segundos alguém tira a própria vida.
Para os especialistas, o assunto – visto ainda hoje como um tabu por muitos – precisa ser desmistificado e debatido como pauta pública de saúde.
“As discussões objetivas sobre o tema facilitam que as pessoas em sofrimento busquem ajuda e que toda população saiba identificar sinais de risco. Entretanto, há cuidados importantes a serem adotados, visando diminuir o ‘Efeito Werther’ – isto é, o suicídio por ‘imitação’, em decorrência do grau de publicidade dado a essas histórias”, comenta Rafael Neves, psicólogo do Hcor.
Esses cuidados são ressaltados pela própria OMS, que recomenda que as comunicações sobre o tema sejam feitas de modo utilitário, evitando-se explicitação de meios e/ou motivos e respeitando os familiares e entes queridos em seu momento de luto.
Mas, afinal, por que falar sobre suicídio pode ajudar na conscientização e prevenção do mesmo?
Segundo Neves, identificar sinais de risco é o primeiro passo para amparar uma pessoa com ideação suicida. Dentre eles, o psicólogo destaca:
– isolamento / afastamento do convívio social.
– surgimento ou agravamento de comportamentos destrutivos/autolesivos ou de manifestações verbais da intenção de morrer. “Essas manifestações não devem ser interpretadas como ameaças nem como chantagens emocionais, mas sim como avisos de alerta para um risco real”.
– preocupação com a própria morte e suas repercussões ou falta de esperança. “As pessoas sob risco de suicídio costumam falar sobre morte e suicídio mais do que o comum, confessam se sentir sem esperanças, culpadas, com falta de autoestima e têm visão negativa de sua vida e do futuro”.
E, identificados esses sinais, como oferecer ajuda?
“Caso você esteja preocupado com alguém, é imprescindível mostrar que genuinamente se importa e que está disposto a ajudar”, explica o especialista do Hcor. Nesses casos, três atitudes podem minimizar os riscos e melhorar a qualidade de vida da pessoa em sofrimento:
Converse
Acolha os sentimentos do indivíduo buscando compreendê-los, sem julgamentos. Isso não significa que você precise resolver todos os problemas da pessoa, porém deve questionar se ela está pensando em se matar, há quanto tempo e se já sabe como e quando vai fazer isso. “Um dos grandes mitos do suicídio é que se alguém perguntar sobre o suicídio, pode colocar essa ideia na cabeça da pessoa. Na verdade, se você desconfia que alguém quer se matar, é porque a pessoa provavelmente já estava pensando nisso há algum tempo”.
Proteja
Não deixe a pessoa sozinha e se assegure de que ela não tenha acesso a meios para provocar a própria morte em casa. Fique em contato para acompanhar como a pessoa está passando e o que está fazendo.
Busque ajuda
Ofereça esperança e a encaminhe a um profissional, acompanhando-a, se necessário, ou envolvendo outras pessoas importantes para o indivíduo em crise suicida. Tome atitudes e não prometa segredo. “É possível buscar ajuda e orientação em lugares como CAPS e Unidades Básicas de Saúde, UPAs 24 horas, hospitais, prontos-socorros e mesmo com o SAMU. Também temos o recurso do Centro de Valorização da Vida, que faz um ótimo trabalho pelo telefone e no qual as ligações são gratuitas. O número é o 188”.
Agora, se é você quem está passando por um momento difícil ou tem um quadro diagnosticado de depressão, o tratamento combinado é fundamental. Ou seja, acompanhamento especializado com profissionais de saúde mental – como psicólogos e psiquiatras -, além da adoção de hábitos de vida mais saudáveis que ajudam na promoção de saúde mental, tais como: fazer pausas regularmente, reservando um tempo para si mesmo; organizar as tarefas cotidianas, equilibrando responsabilidades com lazer; estar próximo de quem você ama presencial ou virtualmente; praticar atividades físicas e investir em boas noites de sono.