Consumo de álcool e tabagismo estão entre os principais fatores de risco
A Campanha Abril Azul reforça ao longo do mês a importância da conscientização sobre a prevenção e diagnóstico precoce do câncer de esôfago, doença causada pelo crescimento descontrolado das células que revestem o órgão tubular que conecta a cavidade oral ao estômago.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), para o próximo triênio, são esperados no Brasil cerca de 11 mil novos casos da doença, sendo 8.200 destes em homens entre 50 à 70 anos. Ainda segundo o INCA, sem considerar os tumores de pele não melanoma, a neoplasia ocupa a sétima posição entre os tipos de câncer mais frequentes na Região Sudeste.
A oncologista Cristiane Mendes, da Oncoclínicas Ribeirão Preto, reforça a importância da campanha por se tratar de uma doença silenciosa. “A maioria dos casos de câncer de esôfago são assintomáticos em fases iniciais”, explica. Porém, com a progressão da doença, o paciente pode sentir dificuldade para engolir o alimento, ter engasgos frequentes, sensação de que a comida está presa na garganta, dor no peito, perda de peso, anemia, rouquidão, tosse persistente e até vômitos e sangramento digestivo.
A médica explica ainda que existem dois principais tipos de câncer de esôfago. ”O carcinoma epidermóide se desenvolve na parte superior e média do esôfago, a partir de células escamosas e está associado ao consumo de bebidas alcóolicas e ao tabagismo. Na parte inferior do esôfago, mais próximo ao estômago, surge o adenocarcinoma, que tem origem nas glândulas deste órgão. E nesse caso os tumores estão relacionados à doença do refluxo, obesidade e ao fumo.”, esclarece.
Prevenção e tratamento
O esôfago é um órgão muscular do sistema digestivo, tem cerca de 25 cm e conduz os alimentos sólidos e líquidos da boca para o estômago, através de contrações musculares. A prevenção do câncer de esôfago está diretamente relacionada aos hábitos de vida. “Cessar tabagismo e consumo de álcool reduz a incidência desse câncer e também diminui as chances do reaparecimento da doença em pacientes que já foram tratados. Evitar consumo de alimentos muito quentes e aumentar a ingestão de frutas e vegetais, são medidas alimentares preventivas. E ainda podemos citar controle de peso e tratamento da doença de refluxo como fatores protetores”, explica Cristiane.
Já em relação ao tratamento da doença, ela pontua que quanto antes ocorrer o diagnóstico, maiores as chances de sucesso. “Após a realização da endoscopia com biópsia, exames complementares de sangue e imagens que mostram a extensão da doença, é possível fazer o planejamento terapêutico — quimioterapia combinado com radioterapia, cirurgia, imunoterapia e terapia alvo – dependendo do estadiamento e estado clínico do paciente, finaliza a médica.