Rejuvenescer com a própria gordura: a ciência da terapia regenerativa avança

Nova abordagem usa células do próprio corpo para melhorar qualidade da pele e promover efeitos duradouros no rejuvenescimento

A busca por tratamentos estéticos mais naturais e duradouros tem levado médicos a olharem com mais atenção para uma técnica que vem ganhando espaço tanto em congressos científicos quanto nos consultórios: o uso da própria gordura corporal para promover rejuvenescimento facial e corporal.

Chamada de terapia regenerativa com gordura autóloga, essa abordagem vai além do preenchimento comum, envolvendo ciência celular e resultados a longo prazo. Um estudo clínico, publicado em 2021 e realizado pelo Departamento de Cirurgia Plástica, Estética e Reconstrutiva da Universidade de Regensburg, na Alemanha, mostrou que sessões consecutivas de lipofilling (injeção de gordura autóloga em cicatrizes maduras) resultaram em redução de até 80% nos níveis de rigidez e textura da pele. Além disso, houve remodelação do tecido com aumento da vascularização, renovação da epiderme e atuação de células imunorreguladoras que sugerem regeneração efetiva.

“O que fazemos aqui na clínica é utilizar a gordura do próprio paciente, que é rica em células-tronco e fatores de crescimento, para tratar áreas da pele que perderam volume, viço ou sustentação”, explica a médica dermatologista Sílvia Quaggio, que atua em Ribeirão Preto, interior de São Paulo.

Segundo a especialista, o procedimento é minimamente invasivo e promove benefícios não apenas estéticos, mas também funcionais, melhorando a qualidade da pele e estimulando a regeneração celular.

A gordura é retirada por meio de uma lipoaspiração leve, processada com técnicas específicas e reinjetada em áreas como rosto, mãos, pescoço e até mesmo na região íntima, dependendo da necessidade do paciente. O diferencial está na presença das chamadas células-tronco mesenquimais, presentes no tecido adiposo, que ajudam a reparar tecidos e a estimular a produção de colágeno.

“O resultado é um rejuvenescimento mais completo e natural. Os efeitos não são apenas imediatos, mas também evoluem com o tempo, uma vez que esse tipo de célula continua atuando na regeneração local”, destaca Sílvia Quaggio.

Ainda que o procedimento seja promissor, ele exige preparo técnico e deve ser realizado por médicos especializados, em ambiente seguro. Além disso, nem todos os pacientes são indicados para a técnica — uma avaliação personalizada é essencial para garantir bons resultados.

A terapia regenerativa com gordura própria também tem sido estudada em outras áreas da medicina, como ortopedia, ginecologia e cirurgia reparadora, o que reforça seu potencial no cuidado integral da saúde e da estética.

Na opinião de Sílvia Quaggio, essa é uma das grandes tendências da medicina estética moderna. “É o futuro dos tratamentos de rejuvenescimento: usar aquilo que o próprio corpo tem de melhor, com mais segurança, menos rejeição e benefícios que vão muito além da aparência”, enfatiza.

Essa nova abordagem representa um passo importante rumo a tratamentos mais biocompatíveis, eficazes e centrados na individualidade de cada paciente.