Especialista explica que esse tipo de situação é indicada para quem está fora da idade reprodutiva ou tem problemas na qualidade dos óvulos
Aos seis meses de gravidez, a atriz Viviane Araújo vive a expectativa pelo nascimento de seu primeiro filho. E em todas as oportunidades que fala a respeito, a estrela global destaca o método que utilizou para engravidar: a ovodoação. Aos 47 anos, ela optou por esse processo pela idade — e encoraja outras mulheres a buscarem o sonho da maternidade, independentemente do período e da forma.
Viviane passou pelo processo de fertilização in vitro utilizando óvulos de uma doadora anônima e os espermatozoides do marido, Guilherme Militão, de 33 anos. Esse tipo de situação acontece quando a paciente já não possui mais uma reserva de óvulos suficiente ou se há problemas com a qualidade dos mesmos, como explica a ginecologista do Fertilitat, Ana Luiza Berwanger.
“Sabemos que mais de 95% das mulheres que engravidam após os 43 anos fizeram o procedimento com óvulos doados. E isso é esperado, porque as mulheres já nascem com os óvulos que terão no decorrer da vida, ou seja, não se produz novos óvulos, como é o caso dos homens, com os espermatozoides. Isso faz com que a idade da mulher seja fator determinante para o sucesso da fertilização, já que não é possível melhorar a quantidade nem a qualidade dos óvulos in vitro”, explica Berwanger.
A menos que a paciente tenha óvulos de boa qualidade congelados, o procedimento de doação (ou ovodoação, como também é conhecido) é o mais indicado para mulheres que estejam no final da vida reprodutiva ou tenham algum problema associado à qualidade dos óvulos. Geralmente, esses fatores começam a se apresentar após os 40 anos, mas o final da idade reprodutiva é uma característica particular de cada mulher, podendo variar de forma significativa.
“EmfFertilização in vitro, o fator mais importante, quando falamos na chance de gravidez, é a qualidade do óvulo. Essa característica será determinante na chance que a mulher tem de engravidar, independente da causa da infertilidade do casal. E a qualidade está associada unicamente à idade biológica, ou seja, não depende dos hábitos da paciente. Esse fator foge do nosso controle, já que tecnicamente não é possível melhorar os gametas in vitro. Quanto mais “velhos” eles são, maior a chance de gerar algum erro no momento da fertilização”, completa.
Como funciona a ovodoação
No Brasil, o processo de doação de óvulos é permitido através de duas maneiras: a chamada ovodoação compartilhada, quando mulheres jovens que necessitam da fertilização in vitro por motivos próprios doam metade dos óvulos produzidos, através de tratamento hormonal específico, à paciente receptora (o pareamento entre as pacientes é conduzido de maneira anônima pela equipe clínica). A doadora não tem nenhum direito legal sobre a criança que nasce a partir da doação.
Antigamente, como poucas pacientes optam por doar seus óvulos, tinha-se mais de dois anos de espera para que fosse possível conseguir uma doadora compatível. A outra maneira é a importação das gametas, a qual, recentemente, foi permitida. No Brasil, não existem bancos de óvulos, tornando-se necessário recorrer a óvulos importados de outros países. Nesses locais, é permitida a remuneração em troca da doação, fazendo com que as pacientes doadoras sejam extremamente jovens (e, nesse sentido, a qualidade dos óvulos é ideal do ponto de vista reprodutivo). Isso aumenta significativamente a chance de engravidar. “Para se ter uma ideia, a taxa de gravidez com óvulos de uma jovem de 18 -20 anos, pode chegar a 60% (bem acima do esperado para as pacientes submetidas a Fertilização in vitro, cuja média de idade é 37 anos)”, conclui a ginecologista do Fertilitat.