Entre 5% a 10% de todos os cânceres detectados são associados a fatores hereditários, segundo dados do Ministério da Saúde. Para mapear esses casos é que a oncogenética, especialidade da medicina preventiva que une genética e oncologia, trabalha para mapear o DNA humano em busca de alterações e/ou mutações que possam desencadear um futuro diagnóstico da doença.
A médica geneticista, Fernanda Ayala, explica que existem alguns fatores de risco pessoal e histórico familiar que devem ser levados em conta na hora de procurar um especialista. “Pessoas com histórico familiar, principalmente em indivíduos jovens e pessoas que tiveram diagnóstico pessoal de câncer em idade abaixo de 50 anos devem ficar atentos”, comenta a especialista.
Ela ressalta também sobre a existência de casos de câncer pediátrico na família e alguns tipos específicos de tumor, como de ovário e de mama triplo negativo, também pontuam como alerta. “Ter esse acompanhamento é importante, pois muitas vezes o paciente já chega em estágio avançado, o que dificulta tratamento e respostas à quimioterapia”.
Durante uma consulta com a médica geneticista, o histórico familiar e pessoal é avaliado por meio da construção do heredograma (ou árvore genealógica). Também é avaliado o histórico médico do paciente, o que auxilia na identificação de estigmas de determinadas síndromes hereditárias. Assim, detectando a alteração genética, é possível estabelecer os riscos de a pessoa desenvolver câncer.
Após os riscos estarem estabelecidos é montado um protocolo de vigilância de rastreamento, que permitirá detectar o tumor, caso ocorra ainda na fase inicial.
A especialista explica que a realização de testes genéticos é positiva não só por trazer benefícios à pessoa alvo da avaliação, mas também por ajudar a mitigar os riscos de outros familiares e das próximas gerações.
“O teste genético não é exclusivo dos pacientes oncológicos, embora eles sejam a maioria dos que procuram pelo atendimento. O geneticista é como se fosse um clínico com quem se faz um check-up. A grande maioria, infelizmente, chega ao geneticista já com o câncer, mas quem tem histórico familiar pode procurar o geneticista. Aqueles que apresentarem alterações genéticas e risco aumentado poderão começar, assim, a fazer as prevenções primária e secundárias”, finaliza Fernanda Ayala.