Endocrinologista Dr. Vagner Chiapetti esclarece por que a esteatose hepática costuma passar despercebida e destaca a importância de investigar o fígado em pessoas com excesso de peso.
A gordura no fígado, conhecida como esteatose hepática, tem se tornado um achado cada vez mais comum entre pessoas com sobrepeso ou obesidade. Segundo o endocrinologista e nutrólogo Dr. Vagner Chiapetti, isso não acontece por acaso: a alteração metabólica causada pelo excesso de gordura corporal cria o ambiente ideal para que o fígado comece a acumular gordura.
“A obesidade, especialmente quando há acúmulo de gordura abdominal, aumenta muito o risco de desenvolver esteatose. O organismo passa a lidar com inflamação crônica, resistência à insulina e aumento do triglicérides e colesterol — mudanças que sobrecarregam diretamente o fígado”, explica o médico.
Uma das maiores dificuldades é o fato de que a doença praticamente não apresenta sinais iniciais.
“A pessoa continua sua rotina normalmente porque não sente dor ou incômodo. O fígado é silencioso, e isso faz com que muitos casos só sejam descobertos quando o paciente realiza um ultrassom por outro motivo”, observa.
Dr. Chiapetti reforça que essa descoberta tardia pode ser perigosa.
“Quando o paciente começa a sentir cansaço extremo, perda de disposição ou desconforto abdominal, isso pode indicar que o fígado já está inflamado. Por isso o diagnóstico precoce faz tanta diferença: conseguimos intervir antes que ocorram danos”, afirma.
Embora seja mais comum em pessoas com obesidade ou gordura visceral, o médico lembra que a doença não se restringe apenas ao excesso de peso.
“Também existe gordura hepática em pacientes magros. A genética, o sedentarismo, a alimentação inadequada e alterações metabólicas podem levar ao problema mesmo em quem não tem sobrepeso”, complementa.
A progressão da doença segue etapas claras e totalmente evitáveis quando tratadas a tempo.
“A esteatose começa apenas como acúmulo de gordura, mas pode evoluir para inflamação, fibrose e até cirrose se o processo não for interrompido. Identificar cedo é a chave para impedir essa evolução”, explica.
Segundo o médico, o diagnóstico é simples e acessível.
“Um ultrassom e exames laboratoriais já nos dão um panorama preciso. São exames rápidos, não invasivos e essenciais, especialmente para quem vive com obesidade, resistência à insulina ou gordura visceral”, diz.
A boa notícia é que, quando identificada no início, a condição costuma ser totalmente reversível.
“Mudanças estruturadas na alimentação, prática regular de atividade física, o tratamento da obesidade e do sobrepeso e medicações específicas fazem o fígado responder muito bem. O emagrecimento orientado é uma das estratégias mais eficientes para reduzir a gordura hepática”, afirma o especialista.
Por isso, ele reforça a importância da investigação preventiva.
“Mesmo sem sintomas, pessoas com obesidade devem incluir a avaliação do fígado nos exames de rotina. Prevenir é muito mais eficaz do que tratar complicações futuras”, conclui.
