Dia Mundial de Combate à Pneumonia: a cada minuto duas crianças são vítimas da doença3

A vacinação é a principal forma de prevenção contra os agentes causadores de pneumonia1 2 7

A pneumonia é um importante problema de saúde pública.3 A cada minuto, duas crianças morrem da doença, representando 16% das mortes infantis em todo o mundo e 80% dos óbitos abaixo dos dois anos de idade.3 A doença também é uma das principais causas de hospitalização e óbito em crianças menores de cinco anos.3 4 5 Para alertar sobre os riscos da infecção e formas de prevenção, a Organização Mundial da Saúde (OMS) instituiu a data de 12 de novembro como Dia Mundial de Combate à Pneumonia.6

A doença pode ser causada por múltiplos agentes, incluindo vírus, bactérias e fungos.7 Sua transmissão ocorre através de gotículas contaminadas com estes microrganismos, liberadas ao tossir ou espirrar.7 8 Os agentes infecciosos da pneumonia estão comumente presentes no canal nasofaríngeo de crianças, que são as principais transmissoras, mesmo quando não apresentam sintomas.7 8 O agente infeccioso mais comum na pneumonia é o Streptococcus pneumoniae, também conhecido como pneumococo, bactéria responsável por 60% dos casos, que também pode causar otite média, bacteremia e meningite.20 Estima-se que praticamente todas as crianças, em algum momento da fase pré-escolar, tenham sido transmissoras do pneumococo em pelo menos uma ocasião, assim como adultos que têm contato direto com elas.8 A doença também é importante na população idosa, onde 25% dos infectados pelo pneumococo evolui para o óbito.3 9 As manifestações clínicas da pneumonia mais comuns são tosse com expectoração, dor torácica, mal-estar geral e febre.10

Vacinação pneumocócica no SUS desde 2010

A vacina pneumocócica conjugada 10-valente (VCP10) foi introduzida no Sistema Único de Saúde (SUS) em 2010.11 12 Desde então, o número de internações pela doença diminuiu cerca de 21% em unidades públicas de saúde.13 Essa redução contempla diversas faixas etárias e pode estar relacionada à imunização realizada na rede pública e privada.13

“O advento das vacinas pneumocócicas conjugadas representou um importante avanço na redução da morbimortalidade relacionada à doença pneumocócica. Em 2020 atingimos a marca de 10 anos de introdução da vacina pneumocócica 10-valente (VPC10) no Brasil. Primeiramente é preciso destacar que é mais uma conquista do nosso Programa Nacional de Imunizações (PNI). Em segundo lugar, é importante registrarmos que, desde sua introdução em 2010, a VPC10 produz resultados muito positivos para saúde pública não somente no combate a pneumonia, mas em todo o espectro da doença pneumocócica, que inclui otite média aguda (OMA) e meningite pneumocócica. Além disso, os dados disponíveis mostram importante efeito de rebanho com a VPC10, ou seja, a proteção de indivíduos não vacinados através da proteção gerada nos indivíduos vacinados. Embora estejamos no rumo correto, é preciso notar que as metas de cobertura vacinal estão abaixo do recomendado, o que reforça o papel que todos nós temos na sociedade, garantindo que a caderneta de vacinação dos nossos filhos esteja atualizada”, aponta o Dr. Emersom Mesquita (CRM 5281409-1), infectologista e gerente médico de vacinas da GSK.

O Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde (MS), recomenda duas doses da vacina pneumocócica 10-valente (VPC10) aos 2 e 4 meses de idade, além de um reforço aos 12 meses.1 Crianças que iniciaram o esquema primário após 4 meses de idade devem completá-lo até os 12 meses, com intervalo mínimo de 30 dias entre as doses do esquema primário e 60 dias da 2ª dose para o reforço.1 Crianças sem comprovação vacinal, entre 12 meses de idade e 4 anos, 11 meses e 29 dias, devem receber dose única.1 Para as crianças de 2 meses a menores de 5 anos de idade, com indicação clínica especial a recomendação é o esquema de três doses e reforço, conforme as indicações dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE)30 – unidades públicas com infraestrutura e logística para atender indivíduos com quadros clínicos especiais, tais como imunodeficiências, doenças crônicas, transplantados, entre outras condições. 16

A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) orienta que o uso das vacinas pneumocócicas conjugadas na infância siga um esquema de três doses primárias, aos 2, 4 e 6 meses de idade, com uma dose reforço entre 12 e 15 meses de idade.14

Baixa adesão à vacinação

Por proteger contra o pneumococo, bactéria responsável por 60% dos casos de pneumonia, a vacinação pneumocócica é uma das principais formas de prevenção da doença.5 17 Apesar de sua importância, as taxas de cobertura do imunobiológico têm apresentado queda.18 Desde 2010, quando passou a integrar o PNI, a vacina pneumocócica nunca atingiu a meta de adesão de 95% do público-alvo.18 19 No ano passado, a cobertura vacinal da pneumocócica, englobando o esquema primário (primeira e segunda doses) e o reforço, ficou em 85%.18 Já em 2020, até o nono mês do ano, apenas 67% das crianças foram imunizadas com as doses do esquema primário e do reforço.18

“Nos últimos anos temos acompanhado uma queda importante nas coberturas vacinais, não apenas para vacinação pneumocócica mas para a vacinação como um todo. Com a pandemia de Covid-19 este cenário piorou, como observamos nos dados preliminares de cobertura vacinal para 2020. Mais uma vez, é preciso o engajamento dos profissionais de saúde mas é preciso também que nós enquanto sociedade reconheçamos a importância da vacinação, garantindo a atualização da caderneta vacinal nossa e dos nossos filhos. Isto é especialmente importante neste momento, em que nos preparamos para voltar ao que é chamado de ‘novo normal’, com a volta às aulas e a ressocialização”, alerta o Dr. Emersom.

No Brasil, a efetividade da vacinação pneumocócica sobre a doença pneumocócica invasiva causada por sorotipos vacinais foi de 84%;27 a redução nos casos de otite média aguda, independente da causa, nas consultas ambulatoriais em crianças menores de dois anos foi de 43%; 28 29 e o efeito de redução nas taxas de hospitalização por pneumonia foi observado não apenas na faixa etária alvo da vacinação mas se estendeu até indivíduos de 49 anos, proporcionando importante economia ao sistema de saúde.28

Além do Brasil, a introdução da vacina pneumocócica também gerou impactos positivos como diminuição da quantidade de hospitalizações, diminuição de óbitos, redução de consultas médicas e consumo de antibióticos ao redor do mundo.23 24 25 26

Pneumonia e outras doenças

A doença pneumocócica abrange formas invasivas, como a meningite e a sepse, e formas não invasivas como pneumonia, otite média aguda (OMA), sinusite e conjuntivite.17 20

“Além da importância na prevenção das formas invasivas da doença pneumocócica, cujos exemplos incluem meningite e sepse, a vacinação pneumocócica protege também contra outras formas menos graves de doença pneumocócica mas muito importantes pela frequência de acometimento na população, como a otite média aguda por exemplo. Estima-se que mais de 80% das crianças com até 3 anos de idade tenham a doença pelo menos uma vez na vida. Os principais sintomas da otite média aguda são dor no ouvido, febre, irritabilidade e dificuldade de dormir”, explica o Dr. Emersom.

Além da vacinação, outras formas de prevenção da doença pneumocócica incluem lavar as mãos, não fumar, ter acesso a água potável e evitar aglomerações.21