Facilmente confundida com alergia, doença tem como principal inimigo a falta de informação
Dia 1 de outubro é o Dia Mundial da Urticária. A doença, menosprezada por boa parte da população por falta de conhecimento, pode ser muito grave e levar a uma qualidade de vida muito ruim, sendo pior do que em pessoas que têm lepra (hanseníase) ou psoríase1.
A urticária, e especificamente seu caso mais grave, a Urticária Crônica Espontânea (UCE), é uma doença que acomete mais de 1 milhão de brasileiros — até 1% da população mundial – mas ainda pouco diagnosticada. Por isso, uma ação de rua levará grupos uniformizados, com placas da campanha, material informativo e médicos para oferecer informações sobre a doença diretamente para a população. A ação ocorre no Dia Mundial da Urticária (01/10) simultaneamente em 10 cidades: São Paulo, Rio de Janeiro, Vitória, Belo Horizonte, Recife, Salvador, Brasília, Porto Alegre, Curitiba e Ribeirão Preto.
A UCE se manifesta com lesões avermelhadas que formam placas elevadas na pele (urticas) e coçam a ponto de a pessoa não conseguir manter suas atividades diárias, como trabalhar, estudar ou até mesmo dormir. A UCE muitas vezes também se manifesta com inchaço dolorido em partes do corpo (angioedemas), que podem ou não ser acompanhados da coceira. As manchas, associadas à coceira, desaparecem em até 24h sem deixar marca, reaparecendo em outras áreas da pele, dando uma sensação de que estão andando pelo corpo. Quando esse surgimento de urticas e/ou angioedema ultrapassa seis semanas, estamos diante do que os médicos classificam como uma urticária crônica e, em aproximadamente 66% dos casos, trata-se de uma Urticária Crônica Espontânea (sem um gatilho externo para seu surgimento, assim como outras doenças autoimunes). O Dia Mundial da Urticária chama a atenção para o pior problema de quem convive com essa doença: o diagnóstico ainda é muito demorado. Facilmente confundida com alergia, boa parte dos pacientes levam anos até que um médico especialista (geralmente alergista ou dermatologista) identifique a UCE.
Uma pesquisa inédita realizada pela Ipsos no Brasil a pedido da Novartis, em março de 2018, apontou que 91% da população desconhece totalmente a doença. Das pessoas que dizem já terem ouvido falar da UCE, a grande maioria dos entrevistados atribuem a causa da doença a mitos como estresse, alimentos, produtos de limpeza e cosméticos.
Grande parte dos pacientes no Brasil relatam que levam anos para chegarem a um diagnóstico correto e, em razão disso, 67% dos pacientes desistem de procurar um médico2.
Enquanto não são diagnosticados com a doença, muitos pacientes são medicados erroneamente com corticoides, analgésicos e anti-inflamatórios e voltam repetidas vezes em pronto-atendimentos que não resolverão o problema. O tratamento correto inicial é feito com anti-histamínicos não sedantes (2ª geração) e, para pacientes que não apresentem melhora, associa-se um medicamento imunobiológico disponível no Brasil.
Quem tem sintomas recorrentes parecidos com uma alergia, que não conseguem descobrir a causa, precisa antes de tudo buscar um médico especialista (alergista ou dermatologista). Há também centros de excelência de UCE (UCARE) no mundo todo, inclusive no Brasil, como a Faculdade de Medicina do ABC, Hospital das Clínicas, Hospital São Paulo e outros, que podem ser consultados em: http://www.ga2len-ucare.com/centers.html.
Com o tratamento correto, estima-se que 92% dos pacientes ficam livres dos sintomas e podem voltar a ter uma vida normal3, vivendo com uma qualidade de vida equivalente à de uma pessoa sem a doença4.