Criada em 2014 pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, a campanha Dezembro Laranja tem como objetivo reforçar o alerta para a prevenção do câncer de pele e diagnóstico precoce. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o tipo de neoplasia não-melanoma é o mais frequente no Brasil e corresponde a cerca de 30% de todos os tumores malignos registrados no país.
“Existem dois tipos de câncer de pele, um é o não-melanoma – que representa 94% do total dos casos – sendo dois subtipos mais comuns: o basocelular e o espinocelular. Essas lesões estão relacionadas à exposição crônica ao sol, sendo mais comum em pessoas com mais de 50 anos e de pele e olhos claros. Já o outro tipo de câncer de pele é o melanoma, menos frequente, porém, potencialmente mais grave, uma vez que células malignas podem se espalhar para gânglios ou órgãos a distância, as chamadas metástases. Geralmente, surge como uma pinta escura, sobre uma pinta ou sinal pré-existente que pode crescer, mudar de cor ou apresentar sangramento, não cicatrizando sozinha”, comenta Cristiane Mendes, oncologista do InORP Oncoclínicas.
A médica ainda ressalta que a exposição ao sol sem proteção acaba sendo responsável por 90% dos cânceres de pele e que para se cuidar a regra vale para todo mundo: independente da cor da pele o ideal é evitar a exposição solar no horário de 10h da manhã às 16h, fazer o uso do filtro solar a partir de 30 minutos antes de sair de casa e reaplicá-lo durante o dia. “Para se ter uma ideia, os raios de sol podem penetrar janelas, atravessar a cobertura de nuvens e ainda são refletidos pela água, areia e concreto, ou seja, mesmo na sombra é necessário bloquear a radiação na pele”, reforça.
Qualquer pessoa que não tomar as medidas de prevenção pode desenvolver o câncer de pele, porém, alguns grupos são mais suscetíveis à doença. “Pessoas de pele mais clara (possuem menos melanina – pigmento que protege e responsável pela cor da pele), indivíduos com histórico pessoal ou familiar de câncer de pele, profissionais que trabalham diretamente expostos ao sol (efeito cumulativo da radiação), além de pessoas que já sofreram grandes queimaduras no passado”, explica Dra. Cristiane Mendes.
Sintomas e sinais menos comuns
Para as lesões basocelulares, o diagnóstico pode ser feito pelo aparecimento de um nódulo avermelhado, com aspecto peroláceo, podendo conter uma costa no centro. Os locais mais comuns são: rosto, pescoço e couro cabeludo. As lesões podem surgir também, mesmo que raramente, em áreas que não estão expostas ao sol, em forma de crostas que descamam, que lembram psoríase ou então até em aspecto de uma espinha (acne), mas que não cicatriza.
O carcinoma espinocelular também tem relação com exposição solar e geralmente surge em áreas onde existem sinais de dano solar. “Esse tipo de câncer também está relacionado a presença de feridas crônicas e cicatrizes extensas na pele, uso de drogas específicas para quem recebeu órgãos transplantados e exposição a certos agentes químicos ou à radiação. Frequentemente ocorre a formação de um nódulo vermelho que pode crescer rapidamente e se transformar em uma ferida (úlcera) que não cicatriza e pode sangrar e coçar”, explica a médica. Menos comumente pode-se apresentar como verrugas ou até lesões secas que lembram pequenos chifres (corno cutâneo) em qualquer região do corpo.
Já o tipo de câncer de pele melanoma tem relação com exposição solar, pode ser hereditário e surgir em pacientes jovens. “Geralmente tem-se uma lesão mais pigmentada, escura, com variação de cor (preta, castanha, avermelhada ou azul mais intenso), assimétrica e com bordas (contorno) mais elevadas e histórico de crescimento rápido. Existem casos de melanoma também nas plantas dos pés ou das mãos e até dentro dos olhos e em casos mais avançados podem surgir nódulos na pele, inchaço nos gânglios linfáticos, falta de ar ou tosse, dores abominais e de cabeça, por exemplo”, completa a oncologista.
Tratamento
A grande maioria dos tumores de pele são tratados com cirurgia e em alguns casos requer complementação com cirurgia mais extensa, retirada de gânglios, além de outras modalidades como radioterapia, imunoterapia ou terapia alvo e menos frequentemente, quimioterapia. “Importante lembrar que só com biópsia pode-se confirmar o diagnóstico de neoplasia maligna e sempre fazer uma avaliação completa com oncologista que revelará o estadiamento da doença possibilitando programar o tratamento mais preciso e individualizado. Tudo isso visando manter capacidade funcional, controle da doença e qualidade de vida para os pacientes”, diz a oncologista do InORP Oncoclínicas. É recomendado que se faça avaliação da saúde da pele anualmente com um dermatologista.