Cuidar da higiene bucal é fundamental para prevenir doenças cardíacas

Falta de cuidados com a higiene bucal pode levar a problemas cardíacos, principalmente para pessoas de alguns grupos de risco como diabéticos, gestantes pacientes com cardiopatias congênitas e portadores de válvulas cardíacas

Quando se fala em problemas cardíacos, a maioria das pessoas logo pensa em sedentarismo, níveis altos de colesterol e da pressão. No entanto, o que muitos desconhecem é que os cuidados com o coração devem começar pela boca. Isso mesmo: cuidar da higiene bucal é fundamental para prevenir doenças cardíacas, principalmente para pessoas de alguns grupos de risco como diabéticos, gestantes e pacientes com cardiopatia congênita (sopro e anomalias no músculo cardíaco, por exemplo).

Isso se torna mais assustador, ao conhecermos o resultado da Pesquisa Nacional de Saúde, divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com dados de 2013: o uso de escova, creme e fio dental é feito por apenas 53% dos brasileiros. A dentista Maria Paula Borghi, especialista em DTM e dores orofaciais, explica que se a higienização bucal for inadequada, há uma proliferação maior de bactérias na boca. “Durante um procedimento de raspagem, por exemplo, existe o risco de elas caírem na corrente sanguínea. Se isto acontecer, podem chegar ao coração e se instalar numa válvula que já apresenta um problema e levar a uma endocardite, que é uma infecção do tecido interno”, esclarece.

Foi o que aconteceu há quatro anos com o ator Luiz Gustavo. Na época, ele ficou internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) por mais de um mês. De acordo com os boletins médicos, a endocardite comprometeu o funcionamento da valva aórtica (prótese implantada em julho de 2011). Infelizmente existem casos extremos que levam ao óbito. Em novembro do ano passado, o ex-integrante do grupo Dominó, Ricardo Bueno, faleceu após ficar quase 10 dias internado. Conforme nota da Secretaria da Saúde do município de São Paulo, as causas foram septicemia e abcesso odontogênico.

Por isso, para evitar consequências desagradáveis, pacientes do grupo de risco que vão se submeter a alguns procedimentos odontológicos, como uma cirurgia para extrair o dente do siso, por exemplo, precisam receber uma dose de antibióticos para prevenir infecções. “O dente é um órgão e o sangue que passa por ele, é o mesmo que vai para o coração, os rins e outras partes do corpo. Por isso, todos devem ficar atentos, principalmente as pessoas que fazem parte do grupo de risco”, alerta Maria Paula.

Prevenção sempre

A dentista afirma que um dos principais sintomas de que algo não vai bem é o sangramento. “Gengiva saudável não sangra. Sempre é bom ficar atento ao seu aspecto, que deve ser semelhante a uma casca de laranja, e à coloração, num tom rosa claro”, diz. “Além disso, se sentir dor ao mastigar um alimento, ou mau hálito, a pessoa deve imediatamente procurar seu dentista de confiança”, completa.

A dica para evitar problemas é usar o fio dental e escovar os dentes corretamente sempre que ingerir um alimento. Afinal, a boca é bombardeada por bactérias o tempo todo, e num ambiente quente e úmido elas se proliferam mais facilmente. O ideal é realizar a escovação 40 minutos após as refeições. Neste intervalo de tempo, a saliva já consegue reequilibrar o pH da boca. Isso porque alimentos e bebidas ácidas podem suavizar o esmalte dos dentes, tornando-os mais vulneráveis ao longo do tempo. Durante a higienização, a língua não pode ficar de fora.

Maria Paula recomenda o uso de escovas com cerdas macias e cabeça pequena para que alcançar todas as áreas da boca, como os dentes posteriores. Um importante aliado é o fio dental que, além de eliminar a placa bacteriana, chega em áreas de difícil acesso que a escova não consegue alcançar. “A escova deve ser trocada a cada três meses, porque com o tempo, as cerdas ficam desgastadas e perdem a sua eficiência”, explica. Além de uma boa higienização bucal, é recomendado fazer visitas frequentes ao consultório odontológico, de duas a três vezes por ano, conforme o caso.