Consultórios farmacêuticos começam a se tornar realidade no país

Serviços clínicos como aferição de pressão, glicemia e orientação adequada contribuem para adesão ao tratamento. Tema será discutido no XX Congresso Farmacêutico de São Paulo, de 10 a 12 de outubro, na capital

A ida à farmácia pode ser muito mais do que entrar em um estabelecimento para comprar medicamentos. Se consolidando em todo o país, o consultório farmacêutico é uma sala especial dentro da farmácia em que o paciente é atendido por um farmacêutico e tem total privacidade para tirar dúvidas, relatar problemas com o uso de medicamentos, além de ser uma oportunidade de o farmacêutico avaliar os medicamentos que o paciente está tomando, verificar possíveis interações, efeitos colaterais, realizar serviços clínicos como aferição de pressão arterial e glicemia e orientá-lo sobre os procedimentos a serem adotados, além disso pode prescrever medicamentos isentos de prescrição e entrar em contato com o médico ou encaminhar para outro serviço de saúde, se necessário.

Segundo a Associação Brasileira de Rede de Farmácias e Drogarias, Abrafarma, no primeiro semestre de 2019 foram realizadas 862.623 consultas farmacêuticas no país, um aumento de 62% em relação ao ano anterior. Ao todo, 7,8 mil farmacêuticos atuam nesse tipo de atendimento. Dos 2.964 espaços dentro das farmácias, 1.029 estão em São Paulo.

A iniciativa conta com o apoio do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo. A entidade considera que os consultórios farmacêuticos contribuem para orientar o paciente e que isso melhora a adesão ao tratamento.

Como funciona o consultório?

Em uma conversa com o paciente ainda no balcão da farmácia, o farmacêutico identifica a necessidade de um atendimento clínico personalizado. O farmacêutico faz um cadastro com os dados, realiza a anamnese farmacêutica (um tipo de entrevista para conhecer o histórico de saúde do paciente e quais os medicamentos ele utiliza continuamente ou esporadicamente), presta serviços como aferição de pressão arterial, temperatura, glicemia capilar (diabetes) e, se necessário, encaminha a outro profissional de saúde. O serviço é documentado e o farmacêutico se responsabiliza por cada procedimento realizado não apenas na farmácia, mas dentro do consultório.

O consultório farmacêutico não faz diagnóstico de doenças, mas acompanha o paciente no controle das enfermidades crônicas já diagnosticadas para estimular a adesão ao tratamento e maximizar os resultados. Muitas vezes, a falta de adesão ocorre porque os medicamentos indicados provocam reações adversas, o que leva o paciente a interromper o tratamento. Nesses casos, o farmacêutico verifica se o medicamento está sendo utilizado de forma adequada e, se necessário, entra em contato com o médico ou outro profissional prescritor para relatar o problema e até sugerir a substituição do medicamento.

As atribuições clínicas do farmacêutico visam proporcionar cuidado ao paciente, família e comunidade, de forma a promover o uso racional de medicamentos e otimizar a farmacoterapia. O consultório reaproxima o paciente do farmacêutico e resgata a relação que existia antigamente quando muitos tinham um farmacêutico de confiança no bairro.

Desafogar os serviços de saúde

Entre as causas que geram consultas em hospitais públicos e privados, ou unidades de saúde, estão os agravos pela não adesão ao tratamento, muitas vezes porque o paciente deixou de tomar ou não utilizou corretamente o medicamento. Ao passar pelo consultório farmacêutico em uma farmácia, o paciente passa a ser acompanhado, inclusive com a análise da evolução do tratamento.

Um exemplo é em relação aos pacientes idosos, que comumente utilizam mais de quatro medicamentos, a chamada polifarmácia. Muitos tomam fora de horário, de dose e sofrem com as reações adversas, dificuldades que podem ser solucionadas no consultório.