Psicóloga explica que a decisão de perdoar proporciona a superação de sentimentos como a raiva e o rancor e impede que esses sentimentos atrapalhem a vida
Cada janeiro traz consigo a sensação de esperança renovada para a chegada de dias melhores. Iniciar um novo ano também estimula o desejo de acalmar o coração com a reconciliação e o perdão. “Perdoar é uma decisão, atitude e ação que leva à libertação de sentimentos negativos gerados por situações ruins”, explica Fabiane Daniela Barboni, psicóloga, coach e diretora da Lótus Desenvolvimento Humano.
Desculpar alguém pode ser uma tarefa complicada, mas é um sinal de que o perdoador se dispôs a não permitir que a lembrança atrapalhe sua própria vida. Afinal, apesar de não ser possível controlar o que o outro fala ou faz, é possível ter autocontrole para decidir como encarar as situações. “O ato independe da outra pessoa desculpar-se e pedir perdão, porque o perdão só ocorre a partir da disposição verdadeira em um processo que ocorre de forma gradual”, conta.
O não perdão geralmente é movido pela raiva, rancor, mágoa, tristeza, ofensa, traição, humilhação, ressentimento e até desejo de vingança. Mas quando há a libertação desses sentimentos, é possível transformar, superar e transmutar o que se sente. “Só você pode impedir que a ira e a mágoa tomem conta de você e governem suas ações”, revela Fabiane.
Além disso, desculpar é um reconhecimento da condição humana de imperfeição que é de vulnerabilidade para cometer erros, machucar, decepcionar ou não corresponder às expectativas do outros ou de si mesmo. “O ser humano pode e deve aprender com os acertos e com os erros, seus e dos outros, com as boas e as más experiências, de modo a aprimorar-se, crescer e evoluir”, afirma.
Ao contrário dos que muitos pensam, perdoar não significa esquecer ou fingir que nada aconteceu. “Assim como não há como retirar todas as marcas de uma folha de papel que foi amassada ao desamassá-la, também não é possível apagar a falta cometida contra si próprio ou outrem”.
Fabiane também ressalta que o perdão não é acionado automaticamente em sua totalidade, mas é um processo lento até chegar ao ponto de não ter mais efeitos negativos para quem foi machucado. “Só o amor aliado ao perdão pode sanar a dor e curar as feridas para que não mais se abram e sangrem. E isto é um processo que requer tempo.”
Por outro lado, também há o auto perdão que é dirigido a si mesmo, o qual se faz importante devido a um grau excessivo de auto cobrança e severidade. “Essa forma de se perdoar é a libertação para não se culpabilizar e nem ficar se autopunindo por situações ou acontecimentos”, completa a diretora da Lótus Desenvolvimento Humano.