Casos de câncer em homens devem aumentar 84% até 2050

Segundo estudo publicado no periódico Cancer, a estatística mundial está ligada ao crescimento da população, envelhecimento, consumo excessivo de álcool, tabagismo, obesidade e resistência em fazer exames de rotina

A saúde masculina, como um todo, é um tema que inspira cuidados dentro da Oncologia. Câncer de próstata, cólon e reto e pulmão estão entre as neoplasias mais prevalentes na população masculina. Embora considerados raros, os tumores de testículo e de pênis também merecem atenção.

Segundo um estudo realizado por pesquisadores da Escola de Saúde Pública da Faculdade de Medicina da Universidade de Queensland e publicado no periódico Cancer, da American Cancer Society, até 2050, haverá um aumento de 84% nos casos de câncer entre homens em todo o mundo. Alguns fatores contribuem para essa estatística, como o crescimento da população, o envelhecimento, o consumo excessivo de álcool, o tabagismo, a obesidade e a resistência dos homens em fazer consultas de rotina e exames periódicos.

Carlos Fruet, oncologista da Oncoclínicas Ribeirão Preto, explica que os homens costumam ser mais negligentes em relação às suas escolhas e hábitos de vida. Eles tendem a não se preocupar tanto com a alimentação equilibrada e a prática regular de exercícios físicos, que são pontos fundamentais para prevenção. “Infelizmente, por conta de tabu, mitos, preconceitos e costumes imbuídos na nossa sociedade, os homens evitam buscar um profissional para avaliação e não fazem o acompanhamento e os exames de rotina. Com isso, muitos diagnósticos acontecem tardiamente, com o tumor sendo encontrado em estágio avançado e com maior risco de mortalidade, mesmo com os avanços expressivos que temos conquistado em termos de tratamentos. Vencer essa barreira tem sido um desafio”, aponta o oncologista.

Os tipos de tumores mais prevalentes

O câncer de próstata permanece como o segundo mais prevalente entre a população masculina, ficando atrás apenas da neoplasia de pele não melanoma. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), a estimativa é que o país registre 71.740 novos casos, anualmente, até 2025, correspondendo a um risco de 67,86 casos a cada 100 mil homens. No Estado de São Paulo, a projeção é de 16.830 novos casos. Ainda no âmbito estadual, o câncer de cólon e reto; e de traquéia, brônquio e pulmão, com 7.490 e 3.980 novos casos, respectivamente, aparecem em seguida na lista de neoplasias mais comuns entre os homens.

Classificado como raro, o câncer de testículo responde por 5% do total de diagnósticos e atinge a população jovem, entre 15 e 50 anos. “O sinal mais comum deste tipo de neoplasia é o aparecimento de um nódulo duro que às vezes provoca dor, mas, na maioria dos casos, não. Os pacientes podem sentir também o testículo aumentado e um peso ou dor abdominal”, ressalta o médico.

Ainda mais esporádico, o câncer de pênis representa 2% de todos os tipos de tumores que atingem a população masculina, acometendo, principalmente, a faixa etária acima dos 50 anos. A doença está associada a má higiene íntima, à infecção pelo papilomavírus humano (HPV) e a não remoção do prepúcio, pele que reveste a glande do pênis. Segundo informações da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), em cerca de 25% dos casos de câncer de pênis no Brasil, o órgão precisa ser amputado. “O surgimento de ferida, úlcera persistente ou tumoração localizada na glande, prepúcio ou corpo do órgão, associados a uma secreção branca (esmegma) são alertas”, orienta Fruet.