Câncer de Boca atinge cerca de 15 mil pessoas por ano no Brasil

Doença silenciosa tem maior incidência em homens acima de 50 anos; Brasil é o terceiro país com mais diagnósticos

O jornalista José Roberto Burnier, apresentador do jornal GloboNews em Ponto exibido durante as manhãs, anunciou o afastamento por três meses para tratar um câncer bucal. O aparecimento de um tumor na base da língua foi descoberto pelo jornalista na semana passada.

Por se tratar de uma doença que apresenta sintomas sutis, ela pode passar despercebida. Aftas insistentes, lesões que permaneçam por mais de 15 dias, manchas brancas ou vermelhas, nódulos na região, dor e dificuldade para mastigar ou engolir são sintomas que podem aparecer.

“O câncer de boca é silencioso e muitas vezes indolor, por isso, o autoexame é fundamental para evitar que a doença seja apenas detectada em estados mais avançados”, afirma Andrey Soares, oncologista do Centro Paulista de Oncologia (CPO).

De acordo com Instituto Nacional de Câncer (INCA), o Brasil é o terceiro país com o maior número de ocorrências – cerca de 15 mil casos por ano. O câncer de cavidade oral tem mais incidência em homens acima de 40 anos e costuma ocorrer não só na parte posterior da língua, mas também em outras regiões como o assoalho bucal, lábios, bochechas, gengivas, glândulas salivares, amígdalas e o céu da boca.

Juliana Ominelli, oncologista do Centro de Excelência Oncológica, salienta que a higiene oral adequada e consultas regulares ao dentista têm importância fundamental para o diagnóstico precoce. “Esses cuidados rotineiros têm importância fundamental para o diagnóstico precoce do câncer de boca, uma vez que esse tipo de tumor é, muitas vezes, indolor. Ao notar machucado ou afta que não melhore por mais de duas semanas, o recomendado é procurar auxílio médico. A visita ao dentista ajuda a detectar lesões pré-malignas e ao diagnostico precoce. Aliar o conhecimento dos sintomas à realização de cuidados com higiene da boca e consultas regulares ao dentista pode evitar que a doença seja apenas diagnosticada em estágios mais avançados, ajudando a salvar vidas”, diz

O tratamento será determinado de acordo com a localização e o estágio da doença. “Para cada caso desenvolvemos um tratamento específico que pode combinar a cirurgia para a retirada do tumor, quimioterapia e a radioterapia. Quando a doença é diagnosticada ainda no início, as chances de sucesso podem chegar a 90% quando o paciente realiza um tratamento adequado”, comenta Andrey.

Fatores de risco

Os especialistas ressaltam que o desenvolvimento do câncer de boca está muito relacionado ao estilo de vida. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), 90% dos casos da doença estão ligados ao fumo e o álcool.

“Apesar do número de fumantes ter diminuído, em apenas 20 anos esse tipo de câncer aumentou cerca de 225%. O principal fator pode ser o papiloma vírus, que é capaz de acelerar o desenvolvimento desse tumor”, ressalta dra. Juliana.

Além da higiene oral feita de forma precária e inadequada, uma dieta pobre em minerais e vitaminas e a exposição aos raios UVA e UVB sem proteção nos lábios também podem contribuir para o aparecimento do câncer de boca.

Nos últimos anos, o HPV também tem sido um fator preocupante relacionado ao aumento dos casos da doença entre jovens. Sendo o sexo oral sem proteção como a principal forma de contaminação, especialistas reforçam que o uso de preservativo é uma eficaz arma de prevenção, portanto, tanto as medidas preventivas como o diagnóstico precoce têm papéis fundamentais no controle e no desfecho desta doença, que vem se tornando cada vez mais comum.