Psicóloga Patrícia Binhardi destaca que a maior conscientização e diagnóstico precoce trazem novas oportunidades para crianças e famílias, mas é preciso humanizar o processo
Nos últimos anos, o aumento no número de diagnósticos de Transtorno do Espectro Autista (TEA) tem chamado a atenção de especialistas. De acordo com dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, uma em cada 36 crianças é diagnosticado com autismo. No Brasil, embora não haja um censo nacional específico, a estimativa é que cerca de 2 milhões de brasileiros tenham algum grau do espectro. O crescimento dos casos desperta um debate sobre os motivos por trás desse aumento e a necessidade urgente de acolhimento e entendimento.
Para a psicóloga Patrícia Binhardi, o aumento dos diagnósticos está ligado a uma maior conscientização e aprimoramento das ferramentas de avaliação. “Há alguns anos, muitos comportamentos eram erroneamente classificados ou até ignorados. Hoje, estamos mais preparados para identificar o autismo em diferentes níveis e formas de manifestação”, explica. Segundo ela, a maior visibilidade do transtorno na mídia e nas discussões sociais também tem contribuído para que famílias busquem diagnóstico precoce.
O que é essencial, no entanto, segundo Patrícia, é entender que o aumento dos números não significa uma epidemia, mas uma mudança positiva na forma como a sociedade lida com a neurodiversidade. “Muitas pessoas que antes passavam por grandes desafios sem apoio, agora têm acesso a intervenções terapêuticas e pedagógicas desde cedo, o que faz uma enorme diferença em suas vidas”, afirma.
Para além dos números, o desafio está em oferecer um acolhimento humanizado. “O autismo é um espectro, então cada pessoa tem suas particularidades. Não podemos pensar em uma abordagem única”, ressalta a psicóloga. Segundo Patrícia, a empatia e o respeito às individualidades são cruciais para o desenvolvimento de qualquer pessoa no espectro autista. Ela também reforça que a inclusão nas escolas e no mercado de trabalho são pontos fundamentais a serem trabalhados para garantir a qualidade de vida.
“As famílias também precisam de suporte. Receber o diagnóstico é um momento delicado, e elas precisam ser orientadas e acompanhadas. Humanizar esse processo significa trazer mais compreensão e menos julgamento”, completa.