Nas décadas anteriores, a socialização entre os adolescentes acontecia em atividades presenciais como nas escolas, nos cursos extracurriculares, nos clubes, etc. Atualmente o contato se dá, principalmente, em ambientes virtuais. Uma conversa online faz a pessoa se desligar de outros elementos que a cercam para concentrar-se nesse mundo paralelo.
Com isso, segundo a psicóloga Caroline Yu “o jovem pode acabar se isolando e ser percebido como ‘apático’ pelo entorno”. Porém, ela defende a importância da troca de experiências com outros adolescentes, pois a internet pode trazer uma ilusão de sentirem aceitos em uma comunidade por conta do número de seguidores e likes nas redes sociais. “Uma vivência não substitui a outra. É importante preservar as interações e vínculos, tanto no presencial quanto no virtual. O jovem se preocupa em pertencer a um grupo e, caso não tenha esse sentimento, isso pode acarretar em sintomas como ansiedade e depressão”.
Segundo pesquisa recente divulgada pelo IBGE, a maioria das pessoas que acessam a internet têm entre 20 e 24 anos e utilizam da ferramenta para enviar mensagens e usar redes sociais. Este período também corresponde o momento em que o adolescente está cursando a faculdade e ingressando no mercado de trabalho. Apesar de estar em um novo ambiente, segundo a especialista, a proposta de interação e aceitação é similar a escola.
Pensando nisso, algumas empresas desenvolveram um modelo de negócio que proporciona uma experiência transformadora na transição para a fase adulta, como a Uliving, que trouxe o conceito de residência estudantil – popular em países da Europa e Estados Unidos – ao Brasil. Juliano Antunes, CEO da marca, explica: “além de oferecermos uma moradia exclusiva para os jovens, incentivamos a autonomia e responsabilidade deles pois, mesmo com a estrutura que temos, eles são donos da sua nova rotina. Então, é a fase em que o estudante começa a entender a relação entre independência e escolhas”.
A boa convivência em casa ou na residência estudantil também contribui diretamente no bem-estar físico e emocional e, por consequência, em todas as atividades realizadas pelos jovens. “Notamos que o senso de pertencimento é muito importante para os moradores. Em momentos de estresse, desânimo ou falta de foco, é acolhedor poder ser escutado por uma outra pessoa que também está vivenciando algo similar. Há um conforto em sentir que não é o único a passar pelos desafios desta fase. Acreditamos que essa seja um elemento chave dessa experiência”, conta Juliano.
O grande risco da troca do presencial pelo virtual é que elas não são substitutas no mesmo nível. “As tecnologias podem proporcionar muitas coisas, mas ainda não conseguem transmitir os sentimentos humanos, os afetos e as trocas. É imprescindível ter a vivência presencial com o mundo”, finaliza a psicóloga.