Livro explica a Constelação Familiar, que vem crescendo durante a pandemia

A técnica também é usada como forma de amenizar o luto e a solidão impostos pela pandemia. Também está sendo procurada por quem experimentou atritos devido ao trabalho em casa e a proximidade com familiares. Psicóloga explica em livro como essa técnica atua e de que maneira cada um pode se tornar mais próximo de si mesmo e da sua história

Mesmo com a trégua no isolamento, a vida ainda não voltou totalmente ao normal. A pandemia ainda está aí e pede cuidados. Encontros constantes com amigos, colegas de trabalho ainda devem ficar restritos. Isso, claro, tem consequências. As pessoas se sentem tristes, carentes. De outro lado, há quem ficava mais tempo longe da família e, com o trabalho em casa, passou a experimentar atritos e brigas. Portanto, muita gente está buscando soluções em terapias rápidas, que não prescindem de longos meses para trazer algum consolo. Uma delas é a Constelação Familiar Sistêmica. Nessa técnica, o habitual é fazer sessões em grupo e pessoalmente. Mas os terapeutas se adaptaram e passaram a “constelar” – como é conhecido o sistema terapêutico – de forma on-line.

A técnica funciona da seguinte maneira: o “constelado” conta seu problema para o terapeuta (constelador). Ele então escolhe as pessoas que se voluntariam para representar determinados papeis na família do constelado. “A partir daí, cria-se um campo chamado fenomenológico, no qual os participantes têm sensações semelhantes daqueles que estão representando”, diz a psicóloga e consteladora Solange Bertão. “Ao observar o comportamento dos representantes, a pessoa passa a identificar as situações que repetem em seu cotidiano”. É dessa forma que a terapia ajuda o constelado a enxergar aquilo que pode estar sendo a raiz dos seus problemas.

Para que os fundamentos da Constelação Familiar alcançassem um público maior – e além das salas de atendimento -, Solange escreveu o livro A Lógica do Destino (Matrix Editora, 128 páginas, R﹩ 29,90 ), no qual ela explica o funcionamento desse sistema e sua origem e apresenta casos reais de pessoas que passaram pela experiência e que, com um novo olhar sobre sua história, tiveram mudanças de perspectiva e transformações concretas em suas vidas. “A Constelação traz uma compreensão profunda de que não há escolhas erradas. Há escolhas possíveis, dentro de uma história que começou muito antes de nós”, diz Solange.

Com a pandemia, a proximidade com a família – ou a ausência dela – gerou atritos e carências e a Constelação tem ajudado a melhorar eventuais conflitos. “Quando se conhece a origem desses atritos, eles tendem a se dissipar aos poucos. Não é mágica, é um autoconhecimento profundo, que tem conexão com a história de cada um”, diz a psicóloga. A Constelação tem ajudado também as pessoas que perderam familiares e amigos na pandemia e que têm convivido com o luto. É um alento nessa época difícil.

A origem

A técnica foi criada pelo psicoterapeuta alemão Bert Hellinger. Filósofo e teólogo, ele morreu em 2019, aos 93 anos. Hellinger passou a desenvolver a técnica ao viajar para a África do Sul como missionário católico. Lá, ele notou que a tribo Zulu resolvia os conflitos por meio das ligações familiares e vivia em harmonia. Hellinger incluiu ao método dos Zulus outras teorias psicanalíticas e terapêuticas e fez surgir a Constelação Familiar baseada nas chamadas três leis do amor: pertencimento, hierarquia e o dar e receber.

Sobre a autora

Solange Bertão é psicóloga clínica há 35 anos e desde 2004 atua como consultora em Constelações Sistêmicas em São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Portugal. Formou-se com terapeutas da equipe do alemão Bert Hellinger, criador do método.